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Prefeito de Conceição da Barra, Jorge Donati morre em São Paulo

O prefeito de Conceição da Barra, norte do Estado, Jorge Duffles Donatti, morreu na manhã desta quinta-feira (3), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einsten há 15 dias para um transplante de coração, mas não chegou a ser submetido à cirurgia e teria sofrido um infarto. O corpo será levado para o Rio de Janeiro, onde será cremado no Memorial do Carmo, no Caju, a partir das 12 horas desta sexta-feira (4). O corpo será cremado às 16 horas.

Os funerais serão também no Cemitério do Carmo, já que a família é originária do Rio de Janeiro. Após a cremação, porém, as cinzas devem ser levadas para Conceição da Barra. O prefeito havia manifestado a amigos, em vida, essa vontade.

O prefeito vinha enfrentando problemas de saúde desde o ano passado. Chegou a se afastar da prefeitura para tratamento médico, mas retornou depois que a Câmara de Vereadores tentou empossar a vice, Adélia Marchiori (PMDB), alegando que o prefeito havia abandonado o cargo. Agora, a peemedebista vai conduzir a gestão até o fim do mandato, em 31 de dezembro.

A partir de janeiro tomará posse o tucano Francisco Vervloet, o Chicão, que conduziu a Secretaria de Agricultura na gestão Donati e é homem de confiança do prefeito. Para os meios políticos locais, uma gestão que passa a ser tomada por incertezas, já que havia a expectativa de que Donati tivesse forte influência na administração de seu sucessor. O cenário político, agora, toma outra configuração.

Donati foi eleito para o primeiro mandato em Conceição da Barra, em 2008, em uma disputa apertada contra os ex-prefeitos do município Manoel Pé de Boi e o primo Chico Donato (PMDB). Venceu por 800 votos de diferença. Em 2012, a disputa à reeleição foi bem mais tranquila, com a obtenção de 66% dos votos em um novo embate contra Pé de Boi. Também não teve dificuldade em fazer o sucessor, que em mais um confronto com Pé de Boi, venceu a eleição com 45% dos votos, colocando mais de mil votos de dianteira.

Crimes

Jorge Donati era réu por dois crimes que ainda não haviam sido julgados. No dia 21 de novembro seria retomado o julgamento do assassinato do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, que tinha o prefeito apontado como mandante. Em julgamento realizado em 17 de outubro pelas Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), o desembargador substituto, Marcelo Menezes Loureiro, relator do processo, condenou o prefeito a 19 anos de reclusão pelo crime. No entanto, a desembargadora Heloísa Cariello, revisora substituta, pediu vistas do processo.

O sindicalista foi encontrado morto em junho de 2010 com sinais de execução, em meio a uma plantação de eucaliptos nas imediações do município barrense. No local, o sindicalista teve os pés e as mãos amarradas, os olhos vendados e a boca amordaçada. Sem chances de defesa, a vítima foi morta com um tiro na testa. Os executores do crime apontaram Donati como o mandante e depoimentos de testemunhas corroboraram com a tese acatada pelo Ministério Público do Estado (MPES).

O prefeito também era réu no mando da morte da mulher, Cláudia Soneguete, e da empregada doméstica do casal, Mauriceia Rodrigues. O crime, ocorrido em janeiro de 2003 na mansão do casal, na Ilha do Frade, ficou conhecido como “Crime da Ilha”. No entanto, o julgamento do caso jamais aconteceu.

Além de responder por homicídio qualificado, o prefeito de Conceição da Barra respondia por destruição de cadáver. Segundo os autos, no dia 15 de janeiro de 2003, por volta das 17 horas, o caseiro da residência, também denunciado, utilizando-se de trapos de roupas, fitas adesivas e sacolas plásticas, teria imobilizado, torturado e produzido asfixia e sufocamento na mulher do prefeito e na empregada doméstica. Em seguida, com a ajuda do irmão, terceiro denunciado, o caseiro teria coberto os corpos com tapetes, cobertores e roupas encharcadas com álcool, ateando fogo nos corpos.

 

Ainda de acordo com os autos, o caseiro teria praticado os crimes diante da promessa de que receberia do atual prefeito de Conceição da Barra o valor de R$ 15 mil, bem como as joias da vítima, a título de pagamento. Também segundo a peça acusatória, Donati não se conformava com a separação judicial proposta pela vítima e nem com a partilha do patrimônio do casal. Além disso, o acusado nutriria desconfianças quanto à fidelidade conjugal da vítima.

 

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