Presidente da Câmara, Leandro Piquet, e o corregedor-geral, Monjardim, não se manifestaram sobre o assunto
Quando por volta das 11h30 do último dia 12, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), abriu espaço na sua prestação de contas na Câmara Municipal e pediu a cassação do mandato do vereador Vinícius Simões (Cidadania), ele já havia recebido a representação com essa finalidade, que só seria protocolada no final da tarde, às 17h46. O documento, assinado pelo ex-candidato a deputado estadual Wanderley da Silva Ferreira, o Thor do Império (União), serviu de base para o prefeito desferir ataques à oposição.
Em sua fala, que ocorreu 1 hora e 45 minutos depois do início da sessão, às 9h45, Pazolini apontou “leviandades” da oposição – Karla Coser (PT), André Moreira (Psol) e Vinícius -, sob os aplausos da claque, e afirmou: “Recebi hoje uma representação, acompanhada de farta documentação, com trânsito em julgado da Justiça”.
O prefeito se dirigiu ao corregedor-geral, Leonardo Monjardim (Patri), e ao presidente da Câmara, Leandro Piquet (Republicanos), ambos de sua base. “Então meu pedido, senhor presidente e senhor corregedor. Não, não é um pedido, é apenas uma indagação: essa Corregedoria precisa se reunir, receber essa representação e apreciar e, com o devido processo legal, tomar as medidas adequadas, porque existe uma sentença judicial…e isso tira a legitimidade dessa casa e afeta todos os vereadores”.
Nesta terça-feira (18), Piquet e Monjardim não se manifestaram sobre o assunto até o fechamento dessa matéria, apesar de procurados. O questionamento de Século Diário é para saber como será adotada a decisão sobre o processo e de que forma? Isso porque, no dia 6 deste mês, o presidente da Câmara mandou arquivar pedido de cassação do mandato de Pazolini de autoria do vereador André Moreira, sem passar pela análise do plenário. O vereador recorreu da decisão.
Na prestação de contas, Pazolini leu os artigos 4º e 5º do Código de Ética e Decoro Parlamentar, para reforçar os ataques a Vinícius: “(…) constitui infração à ética praticar ofensas morais dentro ou fora do plenário contra a honra de qualquer cidadão. E nós temos um vereador condenado por isso…condenado por propalar inverdades na cidade” – repete a frase e pergunta: “Como ele pode continuar sendo vereador, se ele infringiu o Código de Ética e Decoro Parlamentar?”.
E questiona: “Então essa Casa não pode comungar e compactuar, sendo omissa com esse tipo de conduta!”. “Não dá para a cidade aceitar um vereador, que representa o povo, que infringiu o Código de Ética; o Código de Ética está sendo rasgado, senhor corregedor e senhor presidente!”.
Oposição
Com 15 vereadores, a Câmara de Vitória tem a maioria na base política de Pazolini, restando somente Vinícius, que diz temer por sua integridade física e de sua família, e André e Karla na oposição, que atuam na cobrança à administração. Um dos assuntos que incomodam o prefeito diz respeito à taxação dos servidores aposentados que recebem a partir de um salário mínimo, com descontos de 14%.
Vinícius lembra que, durante a prestação de contas, ele levantou essa questão: “É angustiante testemunhar tamanha crueldade contra aqueles que dedicaram anos de suas vidas ao serviço da cidade de Vitória. E o mais preocupante, é que essa decisão foi tomada sem qualquer tipo de diálogo prévio com os afetados”, diz, e destaca que, “infelizmente, o prefeito não respondeu a essa questão crucial durante a prestação de contas. Mais uma vez, fica evidente a falta de diálogo como uma característica marcante dessa administração”.