A três semanas da reabertura do Ano Legislativo, previsto para 1º de fevereiro, os bastidores políticos se movimentam em torno da eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa, principalmente sua presidência. O mercado político aponta cinco potenciais pré-candidatos: Bruno Lamas, Dary Pagung, Eustáquio Freitas, todos do PSB, Marcelo Santos (Podemos) e o atual presidente, Erick Musso (Republicanos).
Apesar de a campanha se desenvolver por enquanto em articulações de bastidores, o mercado aponta vantagem para o deputado Erick Musso, fortalecido pelo bom desempenho do seu partido nas eleições municipais, com destaque para o comando da segunda principal vitrine política do Estado, a Prefeitura de Vitória, nas mãos do delegado Pazolini.
Desse modo, sai vitorioso nas articulações construídas a partir de 2018, juntamente com o presidente do partido, Roberto Carneiro, e o campeão de votos para a Câmara Federal, Amaro Neto, sinalizado, após cumprir dois anos do mandato, como uma liderança de futuro incerto, porque lhe falta conteúdo que possa garantir longevidade na política.
Os outros pretendentes – os deputados Bruno Lamas, Dary Pagung, Eustáquio Freitas e Marcelo Santos -, se mantêm na corrida, mas dificilmente conseguirão alcançar vantagem sobre Érick Musso, não apenas entre os votantes, mas igualmente com o governador Renato Casagrande (PSB). Apesar de não participar diretamente da eleição, o govenador exerce influência e busca manter o equilíbrio no relacionamento com o Legislativo, o qual só colhe bons frutos.
Assim se explica a reaproximação do palácio Anchieta com o presidente da Assembleia, que poderá desaguar na entrega da Secretaria de Esportes ao Republicanos, conforme é ventilado nos bastidores, como um dos resultados do recente encontro entre Erick Musso e o governador. Essa secretaria já foi ocupada pelo presidente do partido, Roberto Carneiro, atual secretário de Governo do prefeito Lorenzo Pazolini.
Esse cenário deixa Bruno Lamas sem muita chance. Saído de uma derrota eleitoral na Serra, depois de uma campanha sem o apoio do governo, apesar de ser membro do PSB, o bom desempenho parlamentar apresentado não o qualifica para receber o acolhimento do governo. Da mesma forma, o deputado Freitas, que ocupa o parlamento na qualidade de suplente de Euclério Sampaio, eleito prefeito de Cariacica e tem reduzida densidade eleitoral entre os colegas.
Dary Pagung, líder do governo na Assembleia, tem peso, se relaciona bem, mas, como os outros do seu partido, caso eleito poderia gerar um desequilíbrio na correlação de forças. Há ainda o deputado Marcelo Santos, hábil articulador, que poderá surpreender.
Há um ano, quando Erick Musso (Republicanos) retomou as atividades na Assembleia Legislativa, além das funções normais da presidência, ele se voltou a manter o grupo político formado em 2018 visando eleger prefeitos, entre eles o de Vitória. Saía de uma fase de seguidos revezes, em decorrência da eleição antecipada para a Mesa Diretora da Assembleia, ocorrida em 27 de novembro de 2019, alterando as relações com o governador Renato Casagrande (PSB).
Embora não fossem aliados declarados, os chefes dos dois poderes mantinham relacionamento acima do protocolar. A quebra do acordo com a antecipação da eleição da Mesa, que possibilitaria a extensão de mandato de Erick como presidente da Assembleia até 2023, trincou o bloco em decorrência da reação do governo, e levou Casagrande a reagir duramente, agindo junto a instituições e nas bases eleitorais. Com a reaproximação selada nesta semana esses conflitos foram superados.