O cancelamento dos serviços de guincho de veículos na Grande Vitória, garantido pelo líder do governo, deputado Eustáquio Freitas (PSB), e pelo vice-líder, Dary Pagung (PSB), no dia dois deste mês, foi cobrado nesta sexta-feira (13) pelo deputado Enivaldo dos Anjos (PSD). Ele é o autor da denúncia de que sua destituição do cargo de líder do governo se deveu, entre outros fatores, a pressões desses setores.
O deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) oficiou, como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia dos Guinchos na Assembleia Legislativa, o diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Givaldo Vieira, para que informe se foi cancelada a contratação emergencial de uma empresa particular para realizar os serviços de guincho de veículos na Grande Vitória.
O parlamentar voltou à carga depois de ter se posicionado, no início deste mês, contrário ao contrato de emergência, sem licitação, do Detran com a empresa de guincho Águia, num valor global de R$ 3 milhões, quando o capital social da empresa contratada é de apenas R$ 130 mil, conforme enfatizou Dos Anjos.
Ao ocupar a tribuna da Assembleia para explicar sua saída da liderança do governo, Enivaldo afirmou: “Eu sabia que a saída da liderança não era pela eleição da Assembleia, não. Isso era pano de fundo. Sabia que ia sair na quinta-feira (26), quando eu peguei o Diário Oficial e li um aditivo de contrato do Detran de R$ 3 milhões, dando a uma empresa que ninguém conhece, para botar guincho no Espírito Santo, uma empresa com capital social de R$ 130 mil. Que empresa sortuda é essa. E todo mundo sabia que no dia em que esse guincho voltasse ia ter o meu ódio, a minha repulsa”.
O deputado compartilhou, por redes de contato, uma reportagem veiculada por uma empresa de televisão mineira noticiando que uma quadrilha, apontada pelo Ministério Público como liderada por um delegado de polícia, foi presa em Minas Gerais depois de desviar R$ 19 milhões em propinas no posto de licenciamento do Detran no município de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte.
Junto com o vídeo da reportagem, Enivaldo dos Anjos enviou um áudio comentando o caso e dizendo que a reportagem é a comprovação de que a corrupção em órgãos de trânsito não tem fim e que, por isso, ele enfrenta a máfia dos guinchos. “Essas empresas de guincho não são confiáveis. Sou contra terceirizar os serviços de pátio e guinchos porque essas empresas criam núcleos de corrupção com guardas desonestos e funcionários do Detran. A maioria desses funcionários é honesta, mas há muita gente desonesta nesses órgãos”, disse Enivaldo.
Segundo ele, a reportagem sobre o caso de Minas é uma prova clara do que ele tem debatido – “e conseguido, embaixo de ameaças, romper com a máfia dos guinchos no Estado”.
“É isso que acontece. O vídeo mostra as pessoas combinando onde tem mais carros e onde podem arrecadar mais dinheiro. Algumas pessoas andam dizendo que sou contra pátios e que por isso não se pode mais apreender carros nas ruas. Não é isso. Quem defende pátios e guinchos particulares é para fazer corrupção e não para destinar dinheiro para o Estado. O guincho tem que ser público, do Detran, com taxas e emitidas pelo Detran e pagas nos bancos”, disse Enivaldo.
O deputado acrescentou que seu trabalho sempre foi de combater guincho particular, custe o que tiver de custar: “Todas as vezes em que o Estado quiser colocar pátio e guincho nas mãos de particular, eu vou me rebelar. Estou comprometido em combater a corrupção”.
O deputado disse ainda que a CPI da Máfia dos Guinchos recebeu mais informações sobre a nova contratação: “A ação mafiosa está nos terceirizados inventarem problemas nos carros e com os motoristas para gerar os serviços do guincho, que custa em media R$ 190 por carro e por motos, mesmo levando mais de um carro ou uma moto”.