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Presidente do PSTU critica em Vitória ‘abraço da esquerda com a burguesia’

Vera Lúcia participa, na Capital, do lançamento da pré-candidatura do Capitão Sousa ao governo do Estado

Marcello Casal/Abr

A presidente nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), socióloga Vera Lúcia Pereira da Silva Salvado, candidata à presidência da República, classificou de caótico o cenário político brasileiro e disse não acreditar em mudanças por meio de alianças que estão sendo formalizadas com a “esquerda abraçada com a burguesia”, ao criticar alinhamento de partidos considerados progressistas, como o PT e Psol, com legendas de direita. Vera falou a Século Diário logo depois de desembarcar no aeroporto de Vitória, nesta sexta-feira (13), para participar, à noite, do lançamento da pré-candidatura do Capitão Sousa ao governo do Estado.

“Não temos tempo de TV, nem espaço em grandes veículos de comunicação, mas estamos construindo um projeto na luta contra esse governo genocida e autoritário”, disse Vera, acentuando que não acredita que Jair Bolsonaro tenha força suficiente para fechar o regime democrático, como ele vem demonstrando. “Esse é o sonho do capitão e, possivelmente, ele irá continuar tentando, mas não conseguirá”.

A pernambucana de 54 anos é casada, com duas filhas e uma neta, já foi faxineira, reside em São Paulo. e possui vasto currículo nas lutas sindicais. Uma das fundadoras da Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas, depois de romper com o Partido dos Trabalhadores (PT), na década de 90, Vera justifica a crítica à legenda por firmar alianças com a direita, a mais recente a formação da chapa do ex-presidente Lula tendo Geraldo Alckmin (PSB) como vice.

A presidenciável, que pontua menos de 1% em pesquisas eleitorais, viaja pelo Brasil difundido o programam do PSTU, que tem candidatos ao governo em quase todos os estados, e aponta a “inflação galopante” como um dos graves problemas da classe trabalhadora, juntamente com o desmonte da economia, a desindustrialização e a entrega do patrimônio, construído com recursos públicos. “Há um achatamento das condições de vida da classe trabalhadora, no cenário caótico, com 20 milhões de pessoas passando fome e 16 milhões sem reservas de comida em casa, por falta recursos”, enfatiza.

Sobre sua candidatura, destaca que “é parte do Polo Socialista Revolucionário, que reúne organizações que acreditam na necessidade de apresentar à sociedade uma alternativa socialista e revolucionária para o país. Um projeto socialista e da classe trabalhadora, e não um projeto capitalista de conciliação com empresários e banqueiros”.

É dessa forma que ela defende a pré-candidatura do Capitão Sousa ao governo do Estado, integrante do Polo Revolucionário, muito importante para o projeto da esquerda no país, fora de círculos de partidos que se dizem de esquerda, mas acolhem banqueiros, empresários e o pessoal do agronegócio.

Cita o PT, a Rede e o Psol, afirmando que o polo conta com ativistas desses partidos insatisfeitos com o alinhamento à direita, como ocorre inclusive no Espírito Santo. “Nós temos uma saída, que, obviamente, não tem que ser com Bolsonaro, que é de extrema direita, mas também não pode ser da esquerda abraçada com a direita, para solucionar a vida que nós temos”.

“Primeiro, queremos apresentar o nosso projeto à sociedade brasileira, como parte da realidade internacional, e temos até outubro para fazer isso. Caso haja um segundo turno, então analisaremos a questão”, afirma, em resposta a uma pergunta sobre o apoio à chapa Lula/Alckmin. Vera destaca, no entanto, a derrota de Bolsonaro como uma bandeira de luta fundamental.

PSTU

Quem é

Formada em Ciência Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, Vera é natural de Inajá, cidade localizada no sertão de Pernambuco. Quando menina, seus pais mudaram para Paulo Afonso, na Bahia, em busca de melhores condições de vida e de garantia de educação aos filhos. Depois, mudaram para Aracaju, capital de Sergipe, cidade onde ela cresceu, estudou, trabalhou e iniciou sua militância política. Desde muito nova, Vera precisou trabalhar. Foi datilógrafa, faxineira e garçonete.

Aos 19 anos, passou a trabalhar em uma indústria de calçados, período em que virou ativista do movimento sindical. Após uma forte greve na categoria, da qual se destacou como dirigente ao lado de outras mulheres operárias, entrou para a diretoria do sindicato e depois para a direção da federação nacional da categoria. Foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Sergipe.

Em 2004, rompe com esta central sindical e ajuda a fundar a Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas. Ao entrar no movimento sindical, Vera também passou a militar no PT. Mas em 1992 rompeu com o partido, que para ela já trilhava um caminho de adaptação à ordem burguesa, e se juntou ao movimento de construção do PSTU, fundado no ano de 1994.

Em Sergipe, Vera foi candidata à governadora, deputada federal e prefeita de Aracaju. Em 2018, foi candidata à presidência da República e teve como vice o professor Hertz Dias, do Maranhão. Juntos, formaram a primeira chapa 100% negra a disputar à presidência do Brasil. Em 2020, Vera foi a primeira mulher negra a disputar à prefeitura de São Paulo (SP), cidade onde mora atualmente.

Pré-candidatura

O lançamento da pré-candidatura do Capitão Sousa ocorre na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória. O militar é conhecido por assumir publicamente posicionamentos progressistas, contrários ao bolsonarismo, que lhe renderam processos disciplinares. Ele afirma que sua pré-candidatura não é um projeto pessoal, mas parte de um processo em construção

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