Veiculações serão entre os dias 30 de agosto e 3 de outubro, para o primeiro turno das eleições
Morna até então, quase fria, a campanha eleitoral para as prefeituras começa a esquentar nesta sexta-feira (30), com o início do horário gratuito no rádio e na TV, em calendário estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com regras a serem fiscalizadas pelos tribunais regionais. Até agora, a propaganda, nas redes sociais e no corpo-a-corpo em feiras livres e outros espaços, segue sem muitas novidades, cenário que pode se alterar, principalmente em função do tempo de cada candidato para levar sua mensagem aos eleitores.
A eleição deste ano será a primeira diretamente impactada pelas novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial (IA), que serve para acelerar a produção de peças publicitárias, mas pode gerar, ao mesmo tempo, muita desinformação, e será pouco utilizada em agências de marketing em Vitória, segundo especialistas ouvidos por Século Diário.
Mesmo com esse cenário, o volume de mensagens, o detalhamento de programas de governo e as respostas mais rápidas ao eleitorado propiciadas pelo rádio e pela TV devem contribuir para ampliar o debate de ideias entre a população. Uma forma de substituir a movimentação de rua, cada vez mais chamada para espaços demarcados por grupos específicos e, por essa característica, excludentes. Com o rádio e a TV, há a expansão de territórios e a possibilidade de ampliar o coletivo.
No quesito tempo, largou na frente o prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), da coligação “Vitória da União”, formada ainda pelos partidos Novo, PRD e PSD, com 2 minutos e 37 segundos. Em seguida ficou Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), federado com o Cidadania e com o apoio de PSB, MDB e União, com 2 minutos e 35 segundos.
O Capitão Assumção (PL), isolado na coligação “Vitória por Você”, ficou em terceiro lugar, com 1 minuto e 58 segundos, vindo em quarto a chapa “Vitória em Primeiro Lugar”, de João Coser (PT), com 1 minuto e 57 segundos, com o somatório dos tempos da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB, PV) e do PDT.
A Federação Psol/Rede, da deputada estadual Camila Valadão (Psol), alcançou apenas 25 segundos, mesmo tempo da coligação “Vitória Conectada e Segura”, do candidato Du Kawazaki (Avante), que reúne ainda o Solidariedade.
Tecnologia
Fernando Carreiro, cientista político responsável pela campanha de João Coser à Prefeitura de Vitória, comenta que, “sem dúvida, a inteligência artificial é uma ferramenta que pode agregar muito às campanhas eleitorais. Todavia acredito que ainda não estamos preparados para lidar com os benefícios dessa tecnologia e seus reveses”.
Acrescenta que “o mais sério dos reveses é a desinformação, porque ainda é muito difícil criar mecanismos para identificar o que é crível ou não”, e aponta a ausência de uma legislação específica. “O marco civil da internet coloca alguns parâmetros e a legislação eleitoral manda identificar essas peças (mas nos canais oficiais da campanha, não no off-line, em disparos de mensagens e submundo da rede)”, explica.
O ponto abordado por Carreiro está relacionado às regras fixadas pelo TSE para regular a utilização desse tipo de tecnologia nas propagandas eleitorais: o uso de “conteúdo sintético multimídia” gerado por IA deve sempre vir acompanhado de um alerta sobre sua utilização, seja em qualquer modalidade de propaganda eleitoral.
Nas peças no rádio, se houver sons criados por IA, deve ser alertado ao ouvinte antes da propaganda ir ao ar. Imagens estáticas exigem uma marca d’água, enquanto material audiovisual deve fazer o alerta prévio e estampar a marca d’água. Em material impresso, o aviso deve constar em cada página que contenha imagens geradas por meio de IA.
Em caso de descumprimento, qualquer propaganda pode ser tirada de circulação, seja por ordem judicial ou mesmo por iniciativa dos próprios provedores de serviços de comunicação, como prevê a resolução eleitoral que trata do tema.
Ananda Miranda, que comanda a campanha de Luiz Paulo, diz que não há previsão para uso de AI nas propagandas, mas destaca: “A tecnologia é importante justamente para dar agilidade à saída de materiais, mas para a televisão e para a rádio, temos investido no contrário, na humanização da candidatura. Não somos contra o uso, desde que ele esteja rotulado e dentro das regras estabelecidas pelo TSE”.
Mesmo entendimento do responsável pela campanha de Camila Valadão, Hélio Gualberto: “A gente não está usando a IA nos processos de criação dos programas do marketing. Podemos usar o chatGPT, talvez para resumir o roteiro ou algo assim. Eu diria que prevalece a inteligência humana para a gente entender o que pensam os eleitores, criar soluções e mensagens para fazer as narrativas políticas”.
Horários
A propaganda eleitoral gratuita será veiculada entre os dias 30 de agosto e 3 de outubro para o primeiro turno das eleições, que acontecem no dia 6. Caso haja segundo turno, em 27 de outubro, o horário eleitoral gratuito será veiculado entre os dias 11 e 25 de outubro.
Material distribuído pelo TSE informa que “a propaganda eleitoral gratuita é obrigatória para as emissoras de rádio e televisão, que devem transmitir a programação dos partidos políticos e das coligações partidárias de segunda a sábado. Nas rádios, a transmissão deve ser feita das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10 e, na TV, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40”.
“Ao longo da programação diária, também é obrigatório que as emissoras reservem 70 minutos diários para inserções de 30 e 60 segundos, de segunda a domingo, entre as 5h e a meia-noite. As inserções serão distribuídas na proporção de 60% para o cargo de prefeito e 40% para o de vereado”, informa o Tribunal Superior Eleitoral.