A uma semana da abertura da janela partidária, período de um mês que começa em 3 de março e no qual é permitida a troca de partido sem prejuízo ao mandato, os partidos aceleram a movimentação com finalidade de aumentar o volume de filiações, para definir chapas às eleições de outubro. Isso ocorre depois de colocadas, formalmente, quatro pré-candidaturas ao governo, a mais recente a do ex-deputado federal Carlos Manato (PL), nessa terça-feira (22).
“O cenário está em ebulição e envolve desde nomes ao governo, ao Senado, e, principalmente, deputados federais e estaduais”, analisam lideranças políticas nos bastidores, questionando: “Para onde irão os que se elegeram por pequenos partidos e os que não encontram legenda para se abrigar?”. Neste ano, a troca de partido será em grande volume, apontam.
O mercado político coloca uma interrogação em parlamentares que exercem mandato na Assembleia Legislativa, como Janete de Sá (PMN), Alexandre Xambinho (PL) e Rafael Favattto, presidente estadual do Patriota, que encontram empecilhos para consolidar uma campanha à reeleição, em consequência de acordos que anda estão em andamento. O deputado Renzo Vasconcelos, por exemplo, deve trocar o PP pelo Pros, e Sergio Majeski vai deixar o PSB, com cotações de retornar ao PSDB. Nestes casos, a reeleição passa a depender de outros fatores que fogem à avaliação do mandato em si.
Já os deputados bolsonaristas Capitão Assumção e Danilo Bahiense, considerados candidatos à reeleição, se anteciparam à janela e assinaram ficha de filiação no PL nessa terça-feira. Assumção estava filiado ao Patriota e Bahiense sem partido, desde que foi autorizado pela Justiça Eleitoral a deixar o PSL.
O cenário gira em torno das majoritárias. Além de Manato, estão em andamento, oficialmente, as pré-candidaturas do deputado Erick Musso (Republicanos) e do senador Fabiano Contarato (PT). O governador Renato Casagrande (PSB) não se colocou ainda na disputa à reeleição, mas é considerado peça certa no jogo. Erick e Contarato dependem, porém, de complicados acertos no plano nacional.
Mais dois nomes são colocados na disputa ao Palácio Anchieta, à espera de confirmação, o do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) e do prefeito de Linhares (norte do Estado), Guerino Zanon, de saída do MDB, que encontra dificuldade em achar uma legenda. Um quadro decorrente de conversações no plano nacional, que são canalizadas no sentido de construir uma terceira via na corrida presidencial, tarefa até agora sem resultado.
Guerino conversa com o Podemos, comandado pelo secretário de Estado de Planejamento, Gilson Daniel, e com o PDT, do prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, ambos aliados de Casagrande. Também já apareceu nas articulações para ingressar no PSD, junto com o aliado, o ex-governador Paulo Hartung (sem partido). Já Audifax pode ter o projeto consolidado por conta de alianças do seu partido que poderão tornar sua candidatura como a única da Rede.
“Somente no final de março é as coisas ficarão mais claras”, comenta um articulador político, que, para não fugir à regra, faz questão de manter o anonimato, ao apontar, ainda, a possibilidade de Casagrande trocar de partido. Comentários de bastidores trazem à tona a tendência de que ele poderia deixar o PSB pelo PDT ou até mesmo o Podemos. Seria a saída, caso seja mantida a pré-candidatura de Contarato ao governo, com o apoio do PSB, mesmo sem uma federação entre os dois partidos.
As conversas no plano nacional avançam nesse sentido, o que representa fator complicador para Casagrande, cujo relacionamento com o PT, que já não era bom, azedou ainda mais depois da recepção por ele dispensada ao presidenciável Sergio Moro, juiz da Operação Lava Jato declarado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pela prisão do ex-presidente Lula, em processos anulados posteriormente.
No Podemos, no entanto, é registrada a presença em articulações do ex-governador Paulo Hartung, adversário político de Casagrande, que começa a se movimentar no cenário local, depois de ver frustradas suas intenções de se acomodar no campo nacional, com característica de que poderá concorrer ao Senado.
É outra ameaça aos movimentos de Casagrande, apesar de Hartung ter dificuldade de reaglutinar seu antigo bloco político em decorrência da desistência à reeleição em 2018, provocando a maior crise no MDB local, que perdura até hoje, e formar novo grupo capaz de dar sustentação a uma campanha.