Dr. Delson critica Dito Silva, atual chefe do Executivo, e mantém pré-candidatura até a convenção
O diretório do Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Muniz Freire, no sul do Estado, terá um grande embate na convenção partidária visando as eleições municipais de outubro deste ano. De um lado, Dito Silva, atual prefeito que migrou do Partido Democrático Trabalhista (PDT) este ano. Do outro, o ex-prefeito Dr. Delson, filiado de longa data à sigla, que não abre mão de concorrer à indicação do PSB para a disputa majoritária.
Nos bastidores, a informação é de que Dito Silva tem o aval da Executiva estadual do PSB, sendo considerado um aliado do governador Renato Casagrande, estrela máxima da sigla no Espírito Santo. Dr. Delson, por sua vez, tem uma relação mais profunda com o diretório municipal, no qual está inserido há mais tempo.
Psiquiatra, Dr. Delson foi prefeito de Muniz Freire em dois mandatos, entre 2005 e 2012. Após alguns anos de relativo afastamento da política, decidiu se colocar no jogo eleitoral novamente e passou a ser cortejado por alguns partidos na pré-campanha eleitoral deste ano, mas permaneceu no PSB.
Em contato com Século Diário, Dr. Delson afirmou que, em sua perspectiva, o atual prefeito tem todo o direito de estar no PSB, mas considera que os filiados devem decidir quem deverá ser o candidato na convenção, com o devido debate e “respeitando todas as opiniões” – segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as consultas dos partidos às suas bases deverão ocorrer de 20 de julho até 5 de agosto.
“Percebi que ainda tenho muito a contribuir para a sociedade muniz-freirense. Observo algumas situações que me incomodam. E, quando estamos incomodados com alguma coisa, o melhor a fazer é arregaçar as mangas e colocar opções para os cidadãos decidirem o que querem para seu município”, justifica.
Na avaliação de Dr. Delson, muito foi realizado pela atual gestão de Dito Silva com o apoio do governo estadual. Entretanto, ele critica o que considera um distanciamento da administração em relação aos moradores.
“Vejo um clamor de participação nos fóruns pertinentes da sociedade. Às vezes, pecamos quando achamos que somos autossuficientes. É muito importante dialogar, ser transparente e, acima de tudo, ser empático com a população. Vejo também um descaso com os servidores, que são os que humanizam a máquina administrativa. Sem a interação deles, a administração fica capenga”, comenta.
Caso prevaleça a indicação do atual prefeito como o candidato do seu partido, irá apoiá-lo? Apesar de não responder diretamente ao questionamento, Dr. Delson não esconde o seu descontentamento com Dito Silva. “É importante lembrar que vou para a convenção porque não concordo com a condução da atual administração. Não vejo nela o ideal do PSB de transparência, valorização do servidor e humanização dos serviços públicos”, argumenta.
Dr. Delson também deixa o futuro no PSB em aberto, diante da possibilidade de não ser o candidato escolhido pelo partido. “A vida só existe porque há movimentos. Nada é para sempre, porque se assim o fosse, pouco evoluiríamos. Não sou uma pessoa que abaixa a cabeça para movimentos antidemocráticos. E não pactuo com nenhum partido que fortaleça o autoritarismo”, afirma.
Articulações
Se o atual prefeito de Muniz Freire tem o apoio do governador Renato Casagrande, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Santos (União), se articula com pré-candidatos de oposição do município. Em maio, ele realizou uma reunião política no município, e repetiu a visita à cidade nesse fim de semana.
Além do PSB, o Partido Social Democrático (PSD) também tem duas pré-candidatas a prefeita: Márcia Oliveira, ex-secretária municipal na área de Assistência Social e esposa de Dr. Delson; e Dra. Mariana, que renunciou ao cargo de vice-prefeita em abril devido a conflitos com Dito Silva.
Outros pré-candidatos a prefeito de Muniz Freire em 2024 incluem: Dr. Carlinho (Pros), que foi prefeito de 2017 a 2020; Evandro Paulúcio (PDT), vice-prefeito no mesmo mandato de Carlinho; o ex-vereador Roberto Paulúcio (PRD), sobrinho de Evandro; Márcio Bolzan (PT), professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes); e o vereador Agenor Favoreto Filho (PDT).