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PT elege pela primeira vez uma mulher em Cariacica

Açucena, de apenas 25 anos, foi eleita vereadora com 2,6 mil votos

Apesar dos seus mais de 40 anos de existência, somente agora o PT elegeu uma mulher em Cariacica. Com 2,6 mil votos, Açucena, de 25 anos, foi eleita vereadora e será a única mulher na Câmara Municipal. A jovem afirma que sua vitória é fruto da organização das mulheres de seu partido, tratando-se de um “momento histórico”. “Significa um movimento de transformação de um partido que já teve vereadores eleitos, mais de três ao mesmo tempo, que já teve prefeito eleito, mas nunca teve uma mulher na Câmara”, comemora.

Divulgação

Açucena diz que encara sua eleição “com muito orgulho e muita responsabilidade de levar as mulheres do Partido dos Trabalhadores e de toda a cidade de Cariacica para a Câmara”. Além disso, aponta que o baixo índice de mulheres eleitas para a Casa de Leis não é somente no PT, pois até hoje somente cinco ocuparam o cargo de vereadora na cidade: Noêmia Costa de Lima, a primeira vereadora de Cariacica, negra, que dá nome a uma comenda da Câmara que homenageia mulheres negras e a uma escola no bairro Vista Mar; Ilma Chrizostomo Siqueira (PSB) e Zeti Araújo (MDB), que não foram reeleitas; Jacqueline Moraes (PSB), atual secretária estadual de Mulheres, que chegou a presidir o legislativo; e Irmã Dulce (PP), que não foi eleita este ano.

Para ela, a baixa participação das mulheres na política extrapola os limites de sua cidade, acontecendo também em nível estadual e nacional. “É o reflexo de uma cultura política machista e misógina, que não coloca a mulher como centro da política, que nos coloca à margem dos espaços de poder”, diz. Açucena destaca que, normalmente, as mulheres estão nos espaços políticos nas atividades organizativas, e não fazendo parte da disputa. “Há uma cultura política de não ver as mulheres como sujeito político de construção de candidaturas viáveis, que possam se eleger”, afirma.

Ela destaca, ainda, o protagonismo das mulheres em sua candidatura. “Nossa eleição é fruto da organização das mulheres do Partido dos Trabalhadores, significa a necessidade e o desejo da gente mudar e ser representada, colocar a nossa cara lá dentro. As mulheres foram fundamentais. Elas foram os braços, pernas, e tocaram e organizaram esse movimento”, ressalta.

Açucena se define como “cria dos movimentos sociais”, já que seus pais sempre participaram do PT, de movimentos de luta por moradia e pastorais sociais. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde cursou Enfermagem, ingressou no movimento de juventude Kizomba. Também foi do Coletivo Nacional de Juventude Negra e do Movimento Negro Unificado (MNU). Hoje integra o Fórum de Mulheres de Cariacica.

Além de mulher negra, Açucena é lésbica e do Candomblé. “Significa que agora seremos a voz desses cidadãos e cidadãs que são muitos e muitas, e estão à margem das políticas públicas. Nós, mulheres, somos a maioria que está nos postos de saúde, PAs [Pronto Atendimentos], que sofrem quando fecham escola, e quando não tem vaga na creche”, enfatiza.

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