O prefeito eleito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), retomou o discurso da “casa arrumada”, uma das marcas do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), para explicar que a atual administração está bagunçada. Em entrevista ao site Folha Vitória, publicada nesta segunda-feira (12), Rodney prometeu “reorganizar a casa”.
O bordão “da casa arrumada” foi exaustivamente usado pelo ex-governador Hartung, que costumava afirmar que encontrou em 2003, quando assumiu o governo, o Estado de “cabeça para baixo” e entregou a “casa arrumada” para o seu sucessor, Renato Casagrande.
Dois anos depois do fim do governo Hartung, a gestão do socialista tem encontrado mais armadilhas a boas surpresas no legado do antecessor. Basta avaliar os problemas nas áreas da saúde, educação, segurança e corrupção para perceber que a casa estava bem desarrumada.
Como Rodney adiantou na campanha que pretende adaptar o modelo de gestão de Hartung a Vila Velha, as primeiras palavras do prefeito eleito dão a entender que ele também pretende se agarrar à teoria do “quanto pior melhor”.
Ou seja, a estratégia, tão logo se sente na cadeira de prefeito, é alertar a população que a situação da prefeitura é caótica. Durante a campanha, ele inclusive já avisava que tinha receio de encontrar o caixa da prefeitura vazio. Em um dos debates, Rodney chegou a afirmar que os fornecedores da prefeitura estavam sem receber.
A “teoria do caos” é uma boa saída para justificar as dificuldades que o prefeito eleito encontrará no primeiro ano de governo. As coisas que não derem certo no início, provavelmente, serão debitadas na conta do seu antecessor, Neucimar Fraga (PR).
Quando à definição dos nomes que farão parte do seu secretariado, Rodney não quer adiantar se aproveitará os membros da sua equipe de transição no governo. A verdade é que os ex-secretários de Hartung, Anselmo Tozi (ex-Saúde e atual diretor de Meio Ambiente da Cesan) e Haroldo Rocha (ex-Educação e candidato a vice-prefeito na chapa do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas), que exercem a função de “consultores” na atual equipe, devem ter lugar cativo no governo de Rodney.
Embora Tozi e Haroldo sejam hartunguetes de carteirinha, quando perguntado se o ex-governador Paulo Hartung terá participação direta na escolha de seu secretariado, Rodney foi reticente. “Se precisar, vou pedir”, disse. A declaração pode ser um recado ao ex-governador de que a ingerência dele no seu governo terá limites. Ou seja, ele pretende usar o modelo, os bordões e outras marcas da gestão Hartung quando lhe convier, mas parece querer andar com as próprias pernas.
Mais à frente, na mesma resposta, isso fica mais claro quando ele iguala o apoio do ex-governador e padrinho político a outro qualquer: “(…) estou deixando bem à vontade aqueles que me apoiam para pensar em sugestões que forem necessárias”, disse.