Processo teria que ser iniciado nesta segunda-feira, para realizar a convenção até no máximo dia 19
Em meio a denúncias de irregularidades de gestão e a 10 dias do final do 10º mandato como presidente da comissão provisória estadual do MDB, que se encerra no dia 21 deste mês, a ex-senadora Rose de Freitas ainda não publicou o edital para realizar a convenção partidária que irá eleger a Executiva no Espírito Santo. Membros do partido continuam sem entender o atraso para a convenção estadual, esperada para o próximo dia 15.
O ato se tornou inviável por contra dos trâmites legais da Justiça Eleitoral: o edital de convocação tem que ser publicado no Diário Oficial com no mínimo oito dias de antecedência. Enquanto membros do partido mantêm as críticas e denúncias, inclusive na Justiça, Rose de Freitas permanece em silêncio.
“Ela tem a obrigação de publicar hoje [11], para realizar a convenção no máximo até o dia 19 deste mês. Para o dia 15, como havia prometido, não teria como”, afirma um membro do partido.
Instada a se manifestar nesta segunda-feira (11), a ex-senadora preferiu não responder aos questionamentos sobre a data da publicação do edital, se ela concorrerá com alguma chapa, apoiará outro nome ou pretende renovar sua permanência na comissão provisória. O mesmo procedimento foi adotado sobre “o que teria a dizer em relação às denúncias de composição de comissões municipais com pessoas estranhas ao partido”.
“Rose não está trabalhando para a convenção, mas para a décima primeira renovação do seu mandato como presidente da Comissão Provisória no Espírito Santo”, diz um emedebista histórico, sentimento que é compartilhado por várias outros membros da legenda, cinco anos depois de ser o MDB um dos mais fortes partidos no Estado, com sete deputados na Assembleia Legislativa.
Dos antigos membros que já tiveram mandatos eletivos, sobrou o ex-deputado federal Lelo Coimbra, que tenta liderar uma campanha para eleger a Executiva Estadual e conversa com políticos com mandato, entre eles o vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos).
Com cacife eleitoral em baixa, depois de derrotado ao concorrer à reeleição, em 2018, e integrar a equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sendo o número dois no Ministério de Cidadania, de 2018 a 2020, Lelo pretende chegar à presidência do partido e tentar de novo a Câmara Federal em 2026. Para isso, busca aliança de antigos correligionários.
Membros do partido em municípios do interior também reclamam do silêncio do ex-deputado e do elevado nível de desinformação.
A última denúncia sobre irregularidade no partido veio de São Mateus, norte do Estado. O ex-presidente do diretório municipal, Aécio Matos, apontou “fortes indícios de irregularidades na convenção do partido que teria sido realizada na cidade”. Ele participa de um movimento para lançar uma chapa para a convenção estadual.
“A ex-senadora está entregando o partido a prefeitos que são seus aliados, sem respeitar as regras, como fez em Conceição da Barra”, afirmou Aécio, citando ainda como exemplo Colatina, Jaguaré, Vila Pavão e Montanha, na região norte e noroeste do Estado. “Não acredito que ela realize a convenção em setembro”, ressalta. E acrescenta: “Rose vai alegar que não houve tempo suficiente para a realização da convenção”.