Filiados históricos, do movimento de oposição União & Ação, registraram chapa na sede do partido
O clima de conflito está instalado, mais uma vez, no outrora influente MDB no Espírito Santo. Nesta quinta-feira (14), a presidente da comissão provisória, ex-senadora Rose de Freitas, no cargo além dos prazos permitidos pelo Regimento Interno, publicou edital de convocação para a convenção estadual, a ser realizada no próximo dia 21, das 10 às 14 horas, no Cerimonial Oásis, bairro Santa Lúcia, Vitória, datada de 13 de setembro.
Neste mesmo dia, registrou chapa para concorrer à eleição, ampliando o clima de divergência com o grupo do ex-deputado federal Lelo Coimbra, líder de outra chapa protocolada também nessa quarta-feira (13), como parte do movimento União & Ação, que congrega todos os filiados históricos do MDB no Estado e gerou um primeiro edital. A convocação é assinada por 16 presidentes de comissões municipais e isola Rosa, criticada por ter colocado o partido em situação de “inanição, em completo abandono”, como diz Lelo. Já a ex-senadora silencia.
“Rose não se importou com o partido, que foi colocado na roda, privatizado e se tornou domiciliar, pois as reuniões são realizadas na casa dela”, aponta Lelo. Ele questiona a data do edital assinado por Rose, pulicado nesta quinta-feira (14), sete dias antes da data da convenção, lembrando que o prazo estabelecido pela legislação é de oito dias.
“Teremos duas convenções, porque existem dois editais na praça e, assim, foi criado um fato político”, explica o ex-deputado e acrescenta: “Queremos a convenção; Rose quer permanecer”. A frase faz referência a repetidas renovações da ex-senadora na presidência da comissão provisória, que já está na décima, com prazo final no dia 21 deste mês, completando dois anos e oito meses. Neste período, o partido perdeu vários quadros importantes.
Entre os membros do grupo de Lelo, o questionamento é que, ao registrar um chapa, Rose acata o edital já publicado, nessa quarta. Mas ao divulgar outro edital, em local e horários diferentes, ela demonstra que a “intenção é tumultuar o processo eleitoral para continuar à frente do partido, apenas por meio de provisórias”.
Para esses convencionais, como Élcio de Matos, Rose continua ignorando o estatuto, sem respeitar prazos, e não tem sequer legitimidade para ocupar a presidência da comissão provisória estadual, vez que apenas poderia permanecer como presidente por 270 dias, ou seja, nove meses, sendo que em 21 deste mês ela completa 30 meses.
“Se antes não iria publicar o edital, agora o faz fora do tempo, mesmo tendo registrado chapa pelo edital de convocação patrocinado pelos 16 presidentes das comissões municipais”, afirmam representantes do grupo de oposição, e enfatizam que até o dia da convenção, o importante é garantir votos para eleger os 71 membros do diretório estadual e 23 suplentes; um delegado e o suplente à convenção nacional, a ser realizada em Brasília em outubro deste ano; e conselhos fiscal e de ética e disciplina. Imediatamente após a eleição, será constituída a Comissão Executiva.
Conflito
Ao assinar, em 12 de janeiro de 2021, a ficha de filiação do MDB, marcando seu retorno ao partido, a então senadora Rose de Freitas declarou que a decisão fora “tomada com consciência, vontade de ver o MDB crescer no Espírito Santo, se organizar e superar as dificuldades”.
O reingresso tinha o objetivo de acabar com as divergências entre o grupo do ex-deputado federal Lelo Coimbra, que perdeu a presidência da executiva, e outro do deputado estadual José Esmeraldo e do ex-deputado federal Marcelino Fraga na disputa pelo controle da sigla no Estado.
Passados esses meses, o clima de conflito permanece, com tendência de agravamento, por meio de judicialização de questões colocadas a partir da publicação de um segundo edital de convocação. A presença de Rose afastou lideranças de peso na política estadual, deixando o MDB sem representatividade nas casas legislativas.