Questão preocupa Renato Casagrande e pode alterar o cenário atual das pré-candidaturas à prefeitura
O debate sobre segurança pública promete estar no centro do debate da campanha eleitoral em Vitória, neste ano, mais do que em outros municípios do Estado, por razões que superam os discursos de especialistas na área. Apesar de administrada por um delegado de Polícia, Lorenzo Pazolini (Republicanos), Vitória foi o município com maior aumento no número de homicídios em janeiro de 2024 em relação ao mesmo período de 2023.
No mês de janeiro, a Capital teve aumento de 71% nos números de assassinatos; foram 12 registros, contra sete homicídios nos primeiros 31 dias de 2023. Na Região Metropolitana houve queda de 21,6%, com 51 assassinatos em 2023 e 40 em janeiro deste ano. Esses dados representam munição pesada para argumentação desfavorável à reeleição do atual prefeito, somada às incursões violentas em áreas periféricas da cidade nos últimos meses.
Em termos comparativos com outro município na Grande Vitória com um policial no comando, Cariacica, os dados são comprometedores: a cidade de Euclério Sampaio (MDB) registrou a maior redução no período, 73%; quatro mortes em 2024, contra 15 no ano passado.
A questão preocupa o Governo Casagrande e se estende, no círculo político do governador, não apenas à prefeitura, mas, também, à formação da chapa de vereadores na Capital. Seu partido, o PSB, espera contar na relação de pré-candidatos à Câmara Municipal com o ex-comandante da Polícia Militar e coronel da reserva remunerada Oberacy Emmerich Júnior.
Um especialista com a pré-candidatura entre Vitória e Vila Velha, na dependência do jogo político orquestrado pelo Palácio Anchieta, faz a linha dura do enfrentamento. Se entrar no jogo, pode crescer como forma de derrotar o atual prefeito, adversário principal de todos os outros pré-candidatos e do governador Renato Casagrande. Trata-se do ex-secretário de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho (Podemos).
Caso ele viabilize seu projeto em Vitória, poderá desbancar o deputado Tyago Hoffmann (PSB) e o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) do rol de preferências do governo. Nesta quinta-feira (15), Casagrande postou em rede social uma visita às obras de macrodrenagem do canal do rio Marinho, feita em conjunto com a administração de Arnaldinho Borgo (Podemos), de Vila Velha. Para muitos, uma sinalização de que o apoio à reeleição está mantido, deixando livre a Capital. Para outros, ao fazer a visita sozinho, sem os prefeitos, a mensagem é outra: Ramalho é pré-candidato em Vila Velha.
O deputado estadual João Coser (PT) tende a manter a linha de combate, abordando o tema segurança pública de maneira a preservar um esperado apoio do governo e concentrando suas críticas na forma equivocada de a gestão municipal enfrentar o problema. Fabrício Gandini (PSD) se posiciona de forma independente, enquanto o ex-deputado Sergio Majeski, do mesmo modo, ainda aguarda filiação do PDT, neste dia 22, para ver se recebe as bênçãos do Palácio Anchieta.
Já o bolsonarista Capitão Assumção (PL), representante da ala mais conservadora, também deputado estadual, encarna o papel de “enfrentamento, o vai pra cima contra os vagabundos”. Esse jargão tem provocado desgaste em sua base política, nas igrejas evangélicas, registrado por lideranças das Assembleias de Deus, maior concentração desse segmento do eleitorado no Espírito Santo.
O sinal de que a segurança pública será tema central das campanhas eleitorais foi dado pela deputada estadual Camila Valadão (Psol) e a vereadora Karla Coser (PT), depois do Carnaval, ao criticarem os órgãos de segurança, municipal e estadual, no tratamento dado aos foliões nessa terça-feira de Carnaval: o despreparo e a violência foram a marca das ações.