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Servidores protestam na Câmara e sessão é encerrada após ofensas de vereador

Manifestação no legislativo da Capital demonstrou insatisfação principalmente com os rumos da educação 

Servidores de Vitória fizeram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (24) na Câmara de Vereadores. O protesto, que começou em frente à sede do legislativo municipal, terminou no plenário, onde ocorria a sessão ordinária, que foi encerrada diante do tumulto causado por ofensas proferidas pelo vereador Gilvan da Federal (Patri).

Leonardo Sá

Os trabalhadores se manifestavam contra a reforma da Previdência, aprovada em janeiro último, mas o que se sobressaiu, diante dos acontecimentos recentes, foi o posicionamento contrário à proposta de organização do ano letivo de 2022; e o repúdio à fala do Secretário Municipal da Fazenda, Aridelmo Teixeira, que afirmou que a educação municipal “é de péssima qualidade”. A declaração foi registrada nessa segunda-feira (22), durante apresentação do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), que prevê onde os recursos serão alocados em 2022.

Durante a sessão, a vereadora Camila Valadão (Psol) afirmou que, apesar dos desafios e da desigualdade, a educação de Vitória é de qualidade. “É desonestidade dizer que é de péssima qualidade. Não vamos aceitar esse argumento para ampliar o privado em nossa cidade e se apresentar como solução para nossa rede”, pontuou.

Foto: Leonardo Sá

A vereadora também fez críticas à proposta de organização do ano letivo de 2022, destacando que foi apresentada “sem debate, discussão e construção prévia”. Para Camila, “rever organização curricular da rede pressupõe discutir com as famílias”. A proposta acrescenta 30 minutos diários na jornada escolar, além da inclusão do que tem sido chamado de Parte Diversificada, com disciplinas de Educação Empreendedora e Financeira, Educação Socioambiental, Iniciação Científica, Libras, Música, Tecnologias Educacionais e Território do Viver.

Para justificar as mudanças, a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) toma como uma de suas bases o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), salientando que o município não alcançou a meta prevista para 2019 e está abaixo das médias estadual e nacional. Entretanto, para Camila, utilizar esse indicador como argumento “é um diagnóstico frágil, parcial, que não diagnostica”, pois “o Ideb é termômetro, mas não explica a desigualdade de nossa rede”.

O vereador Luiz Emanuel Zouain (Cidadania) destacou que a luta do magistério de Vitória é antiga, apontando a necessidade de reajuste salarial da categoria. Ele criticou a administração municipal, “que nega a conversa sobre a recomposição salarial”, e também a fala de Aridelmo, por “generalizar, tentar tratar a educação de Vitória como massa falida”. “Possivelmente, conheço muito mais essa categoria do que quem declarou essa bobagem”, disse.
Luiz Emanuel também fez críticas à proposta de organização do ano letivo de 2022. “Se a educação é tão ruim em Vitória, porque vai aumentar carga horária para continuar ministrando aulas ruins?”, questionou, apontando contradição.
Karla Coser (PT) denunciou que a falta de diálogo tem sido a marca da gestão municipal. “Parece que há uma legião de iluminados, que têm certeza do correto a ser seguido e chegam com a decisão pronta”, ressaltou.

Ofensas em plenário
Antes mesmo do momento de sua fala, o vereador Gilvan da Federal havia dito, durante o pronunciamento de Luiz Emanuel, “que esse militante do PT aí, Aguinaldo, não era nem para entrar para entrar na Câmara”, referindo-se ao professor e diretor executivo do Grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza.
Foto: Leonardo Sá

Karla Coser, ao subir na tribuna, afirmou que Gilvan “tem que parar com a obsessão com a destruição da educação e de impor a ideia dele como único caminho, inclusive acabar com a obsessão com Aguinaldo, que teve mais votos do que ele”. Aguinaldo foi candidato a vereador na última eleição pelo PT, com 1.790 votos, enquanto Gilvan recebeu 1.560.

Gilvan rebateu afirmando não fazer questão dos votos do PT, pois não quer voto de “maconheiro, queimador de rosca”. Mas disse “ter respeito aos professores de verdade, que dão aula de português, matemática, história e geografia, e não aos militantes que defendem o ladrão, vagabundo e corrupto do Lula, os militantes que estão estudando ideologia de gênero, ensinando homossexualismo”. As falas causaram tumulto durante a sessão, que teve que ser encerrada. 

Antes dessa decisão, Karla Coser havia sugerido uma conversa entre os vereadores e representantes dos professores, da qual participaram, além dela, Camila Valadão, Dalto Neves (PDT), Maurício Leite, André Brandino (PSC), Duda Brasil (PSL), Aloísio Varejão (PSB) e Anderson Goggi (PTB).

Segundo Aguinaldo, os professores relataram a falta de diálogo e rechaçaram a maneira como a educação tem sido conduzida na Capital, “prejudicando principalmente as comunidades periféricas”.

Os vereadores foram convidados para uma reunião no dia 29 de novembro, com o Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev) e os conselhos de escola. O convite será oficializado pela Pad-Vix.  

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