Professor e economista Arlindo Villaschi afirma que Contarato significa um “novo mover” na política estadual
Diante do silêncio sobre o descarte já praticamente confirmado do nome do senador Fabiano Contarato como concorrente ao governo do Estado, militantes do PT refizeram a agenda para o próximo dia 11, no Sindicato dos Bancários, ocasião em que seria formalizada a pré-candidatura. Em reunião na tarde desta quarta-feira (8), grupos de ativistas decidiam manter a reunião, mas, ao contrário do programado, vão ouvir o posicionamento de Contarato.
“Não queremos confronto com a direção do partido”, afirma Fernanda Tardin, do grupo Lula Livre, uma das incentivadoras da pré-candidatura do senador, assinalando que é preciso saber detalhadamente o que ocorreu na reunião sigilosa da direção do partido com o governador Renato Casagrande (PSB), que concorre à reeleição e teria em Contarato um adversário com chances de fazer frente à sua liderança nas pesquisas.
Contarato significa um “novo mover” na política fora da dinastia de Paulo Hartung (sem partido) e de Renato Casagrande, que favoreceram um modelo excludente da maioria da população, com privilégios às megaempresas sem quaisquer outros vínculos que não sejam suas plantas industriais”, diz o professor e economista Arlindo Villaschi, citando como exemplo a Suzano – antiga Fibria e Aracruz Celulose -, a Vale, entre outras lideradas pela ONG ES em Ação. Para ele, a dimensão de Contarato agrega à esquerda de Vitória, por sua presença no cenário nacional.
O professor assinala que o Espírito Santo “já não aguenta mais essa exclusão” e aponta para o encolhimento da esquerda no Estado. “Hoje temos um deputado federal e uma deputada estadual”, enfatiza.
Militantes petistas e de outras siglas progressistas consideram “estranho” o posicionamento da direção estadual, que impôs silêncio ao encontro mantido com Casagrande nessa segunda-feira (6), quando ficou demonstrado que ele poderá apoiar o presidente Lula, mas sem abrir canais para alianças que permitam intromissão no seu cenário eleitoral, o que exclui petistas na chapa como vice e a candidatura ao Senado. Seria a recompensa pela retirada da disputa de um nome competitivo.
Com a preocupação de manter a unidade do partido e confirmando o foco principal apenas na eleição do ex-presidente Lula, segundo Fernanda, os comitês populares do PT no Espírito Santo se organizam para traçar planos para a campanha, a partir de agora sem o nome do senador Fabiano Contarato como concorrente ao governo o Estado. “Não posso falar por todos os comitês, mas garanto que a maioria está com Contarato”, ressalta.
O resultado da reunião com Casagrande, que circulou debaixo de sigilo, gerou críticas não apenas de membros do PT, mas também de outras legendas alinhadas à esquerda. “Contarato é o único nome que unifica a esquerda capixaba. Além disso, seria a única candidatura com força social que colocará como centralidade o bolsonarismo e erguerá um palanque potente para Lula em nosso Estado”, afirma Vinicius Machado, membro da direção estadual e da Resistência Psol, corrente interna do partido.
“Erram aqueles que defendem o apoio a Casagrande, que já sinalizou diversas vezes que vai tentar esconder Lula de sua campanha, não tem compromisso com a luta contra o bolsonarismo, e, o mais grave, adota uma política neoliberal no comando do Estado. A contradição, portanto, não é nossa”, enfatiza Vinícius. As declarações traduzem um sentimento espalhado no campo progressista no Espírito Santo, independente de siglas.