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Suplente de Armandinho deve entrar na justiça para tomar posse

Chico Hosken é músico, ambientalista e líder comunitário e indica que pode ter postura independente na Câmara

Preso desde 15 de dezembro por usar o cargo para atentar contra a democracia e as instituições, o vereador Armandinho Fontoura (Podemos) foi afastado do mandato parlamentar por tempo indeterminado por conta de uma ação do Ministério Público. Se complicou ainda mais após ser denunciado por ameaças a autoridades. Seu suplente imediato, Chico Hosken (Podemos), que teve 1.104 votos em 2020 (160 a menos que o titular), pretende entrar com ação judicial para assumir o mandato diante da vacância. A decisão judicial que afasta Armandinho, porém, garante ao mesmo a manutenção de sua remuneração como parlamentar. 

Vereador Armandinho Fontoura está preso e foi afastado do cargo. Foto: CMV

Sendo assim, a Câmara Municipal de Vitória não poderia arcar com as despesas de outro vereador, no caso, seu suplente. Por isso, a procuradoria do legislativo entrou com pedido de informação na justiça sobre como proceder. Apesar da polêmica e repercussão midiática, a situação de Armandinho Fontoura ainda não foi levada para a Corregedoria da Câmara, que seria um caminho político para avaliar a cassação ou manutenção no cargo.

Enquanto prepara ação judicial, Chico Hosken segue sua rotina de atividades. Falou com a reportagem enquanto terminava uma atividade junto a associações de catadores e se preparava para iniciar a montagem de som para um luau que organiza com amigos.

Sua formação é como biólogo e técnico agrícola, tendo se aposentado pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). Atualmente é diretor de Cultura, Eventos e Serviços do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos no Estado do Espírito (Sindipúblicos). Chegou a ser vereador em Venda Nova do Imigrante, entre os anos 80 e 90, antes de se mudar para Vitória. Reside em Morada de Camburi, onde foi presidente da associação de moradores por três vezes.

Também atua como músico e ambientalista, especialmente em relação à coleta seletiva, tendo criado o projeto “Dia de Feira, Dia de Reciclar”, em que utiliza o espaço das feiras livres para conscientizar e promover a coleta de material seco de forma adequada. Sua atividade junto aos catadores veio por meio da Igreja Batista e se intensificou nos últimos três anos.

“A intenção é conseguir material mais limpo. Percebi que o material que ia para a associação era muito ruim, metade dela era de rejeitos que eles tinham que jogar fora. Pensei na feira como um espaço em que as pessoas pudessem levar o material separado corretamente, e deu certo”, conta Chico, que costuma tocar violão e cantar ao vivo durante as atividades. 

Atualmente, os coletores são colocados de forma temporária em feiras de Bairro República, onde iniciou, Jardim da Penha e Jardim Camburi, além de outros pontos nos bairros adjacentes, coletando cerca de quatro toneladas por semana.

Chico Hosken (à esquerda) em atividade de coleta seletiva. Foto: Divulgação

Outra pauta que pretende levar para Câmara, caso assuma a vaga de Armandinho, é em relação aos grandes canteiros em frente ao Aeroporto de Vitória, próximos a seu bairro. Para o local pode receber melhorias e ser adaptado para servir como espaço de esportes e lazer para a comunidade. Cita como exemplo municípios como Curitiba (PR) e Porto Velho (RO), onde a região do aeroporto teve na paisagem e no uso do espaço transformados, e também as obras do Portal do Príncipe, próximo à Rodoviária de Vitória.

Porém, em relação à atual gestão da prefeitura de Vitória, comandada por Lorenzo Pazolini, ele se esquiva. Sinaliza que pode ser independente, votando de acordo com os projetos a favor ou contra as intenções do executivo. “Não vou fazer oposição por oposição. Fui vereador em outra ocasião e analisava o que era bom ou não. Mas quero chegar primeiro, conversar, tomar pé da situação. Não quero antecipar nada”, afirma, embora manifeste desagrado com a maior taxação de funcionários e aposentados promovida pelo atual prefeito no início de sua gestão.

Já em relação a Armandinho, Chico Hosken não nutre relação e nem simpatias. Diz que pensou em sair do Podemos caso o vereador continue na sigla. “Nunca gostei da atuação dele, nunca deu atenção para ninguém. Também não deu espaço para ninguém no partido, sempre foi muito arrogante e acaba afastando todos. Acho que fez um mandato muito ruim, sem sentido, começou a imitar vereador e tentar pegar carona em ações da prefeitura”, critica o suplente.

Armandinho chegou jovem ao cargo, sendo eleito com 29 anos de idade. Dois anos depois, caminhava para alcançar uma posição importante, de presidir a Câmara Municipal da capital do Estado. Tinha sido eleito para assumir o cargo em 1º de janeiro, mas a prisão preventiva mudou tudo. Os vereadores de Vitória realizaram nova eleição na data, em que o vereador do Podemos seguia preso, e elegeram para comandar o legislativo Delegado Piquet (Republicanos), correligionário de Pazolini. A nova eleição, em que os legisladores buscaram possibilidades no regimento para tentar se livrar do problema de imagem da Casa de ter um presidente encarcerado, mostra a perda de prestígio de Armandinho. Além das ameaças judiciais em torno do mandato, pode aumentar a pressão para que os vereadores avaliem uma cassação do mesmo.

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