Vereador de Vitória passou mais de um ano preso acusado de integrar grupo de milícia digital
O vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), cinco dias depois de ser libertado da prisão, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, “não é mais o mesmo”, segundo pessoas que convivem em seu entorno. Ele perdeu o rompante que o caracterizava e busca sair da “dependência medicamentosa” adquirida como forma de suportar um ano e três dias de cadeia, na Penitenciária de Segurança Média de Viana, de 15 de dezembro de 2022 a 19 de dezembro deste ano.
Armandinho, acusado de atuar em uma milícia eletrônica contrária à democracia e responsável pela divulgação de fake news, foi preso na mesma operação da Polícia Federal que envolveu também o jornalista Jackson Rangel e Fabiano Oliveira, o Pastor Fabiano, soltos no mesmo dia. Paralelamente, mantém contato com seu advogado, Carlos Zaganelli, que evita falar sobre o processo.
No entanto, pessoas do seu relacionamento afirmam: “Armandinho agora está cuidando da saúde e tenta se livrar de remédios”, reforçando que ele está proibido de dar entrevistas, usar redes sociais, se ausentar da Grande Vitória, e precisa usar tornozeleira eletrônica. O vereador está na casa dos pais, em Santa Lúcia, Vitória, bairro situado na região da Praia do Canto, local para o qual ele idealizou uma ciclovia – na avenida Rio Branco -, inaugurada quando estava preso.
Instado a comentar sobre seu cliente, Zaganelli divulgou nota na qual relata que “após 369 dias de absoluto cárcere, privado de exercer suas relações pessoais (…), Armandinho, dadas suas características de amabilidade e presença nas comunidades, está feliz com a decisão, pois ela resguarda seus direitos como cidadão, apesar das medidas restritivas impostas pela Justiça”.
“Durante este ano em que cumpriu a pena de forma injusta e em um ambiente lúgubre onde sua fé foi provada diversas vezes, não esmoreceu. Ao contrário: continua confiando na Justiça de Deus e dos homens; acredita que a verdade será restabelecida e que o senso de Justiça prevalecerá nos corações das autoridades”, prossegue a nota.
O vereador aguarda o resultado de dois recursos na Justiça, um por divulgar notícias falsas, com ataques a instituições e autoridades estaduais e federais, que poderá resultar em cassação do mandato, e outro por atentar contra a democracia, na esteira do movimento bolsonarista durante a campanha política de 2022, por meio de contestação do processo eleitoral.
Nessa terça-feira (19), o advogado no processo que trata da cassação do mandato de vereador de Armandinho na Câmara de Vitória, Fernando Dilen, apresentou as alegações finais, pedindo o arquivamento do processo.