Rodrigo Borges aponta omissão da prefeitura e precariedade do serviço, denunciado também por moradores
O vereador de Guarapari, Rodrigo Borges (Republicanos), protocolou uma representação no Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), pedindo uma investigação do transporte público do município, que é prestado por uma única empresa, a Expresso Lorenzutti. Ele denuncia omissão da gestão de Edson Magalhães (PSDB) para prestar informações sobre a regularidade do serviço, apontando ainda a precariedade do atendimento, o que também é reiterado por moradores.
Na representação, o vereador solicita que o prefeito preste as informações solicitadas pela Câmara Municipal sobre a regularidade da atuação da empresa de transporte público no município, o que se nega a fazer, caracterizando, como aponta Borges, “crime de responsabilidade”.
Precariedade que é reiterada pelos moradores. A professora Lívia Pereira Fantinato, que depende do transporte público do município para trabalhar, conta que as condições do serviço prestado já são precárias, mas se agravaram no último mês, principalmente após as últimas greves realizadas por motoristas e cobradores por atrasos salariais.
“Estamos em situação de insegurança. Os ônibus não passam no mesmo horário, que corresponde às tabelas, as rotas dos ônibus também muitas vezes não condizem com a realidade do público de Guarapari, então a gente fica no prejuízo, principalmente quem depende do transporte público para trabalho e estudar. Na última quinta-feira, por exemplo, eu fiquei no ponto até 23 horas, porque o ônibus que a gente pega todos os dias, por volta das 22h30, simplesmente não passou. Passaram apenas três ônibus apagados. A gente não entendeu a situação”, relata.
Além da frota que não consegue atender às demandas dos moradores, o vereador Rodrigo Borges conta que outra reclamação frequente dos moradores é a diminuição daquelas responsáveis por atender às regiões interioranas do município. “Regiões como Amarelos estão sem ônibus, Reta Grande…semana passada, um morador de Amarelos disse que precisava pegar ônibus intermunicipais, que são mais caros, para pegar remédios, porque não passava ônibus do município”.
Os problemas no transporte público de Guarapari são denunciados há anos. Uma comissão especial chegou a ser instaurada na Câmara para investigar a regularidade da atuação da Lorenzutti, mas um relatório final do colegiado, assinado no último dia 21 de março, encerrou as atividades, alegando falta de respostas do Executivo e incapacidade técnica.
O documento, assinado pelo vereador presidente da comissão, Denizart do Nascimento (PSDB), informa que não recebeu respostas dos ofícios enviados à prefeitura. “Sem respostas e colaboração do Poder Executivo, não foi possível, até a presente data, investigar com efetividade possíveis irregularidades. Houve também dificuldades para fiscalização devido à falta de assistência pericial, a fim de analisar a atuação da empresa de transporte público no município”, diz um trecho do relatório final.
A Lorenzutti já é frequentemente denunciada por falhas no pagamento a motoristas e cobradores, problema que já provocou uma série de paralisações do transporte público no município. A última foi no final de março, quando apenas 30% da frota foi mantida.
Em janeiro deste ano, o diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Guarapari (Sintrovig), Enis Gordim, disse que os atrasos no pagamento de salários e benefícios são frequentes. “A categoria já vem há algum tempo sofrendo com atraso de salário. Estamos há dois anos fazendo acordos com a empresa, mas ela não cumpre. Ainda temos salário de março do ano passado para receber, parte do 13º, adicional de férias”, disse na ocasião.
Para o vereador Rodrigo Borges, falta vontade política para solução dos problemas. “No final, são os usuário que pagam”, pontua.