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Vereador quer CPI para investigar contratos da Cultura em Vitória

André Moreira aponta medida como alternativa para arquivamento de investigação na Câmara sobre atos de Luciano Gagno

O vereador de Vitória, André Moreira (Psol), quer a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar as denúncias de contratações irregulares pela Secretaria de Cultura. A medida é apontada por ele como uma alternativa ao arquivamento, por comissão do legislativo, de apuração iniciada em julho que culminou com a convocação do ex-secretário Luciano Gagno.

Segundo ele, responsável por provocar a investigação na Comissão de Cultura da Câmara e também no Tribunal de Contas (TCE), a CPI tem poder de investigação próprio do judiciário e precisa de cinco assinaturas para ser efetivada – a oposição, na Câmara, conta, além de Moreira, com Karla Coser (PT) e Vinícius Simões (Cidadania).

O vereador afirma que vai mobilizar esse processo, mas, independente disso, continuará exercendo seu papel de fiscalizar, e que “o mandato permanece aberto para quem queira fazer denúncias”.

A justificativa para o arquivamento na Comissão de Cultura, presidida por Anderson Goggi (PP), da base aliada do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), foi a impossibilidade de convocar pessoas que não são servidoras públicas municipais para prestar esclarecimentos. Assim, as empresas supostamente envolvidas nas contratações irregulares, bem como o ex-servidor da pasta, Ben Hur Henrique Sarandy Carneiro de Paula, embora tenham sido convidadas, não sinalizaram comparecimento.

Luciano Gagno, que foi exonerado nessa terça-feira (1) para acomodação de aliados eleitorais de Pazolini, foi sabatinado na Comissão de Cultura no dia 3 de julho, quando se concentrou em exaltar investimentos e ações da gestão municipal na área. 

As denúncias feitas por André Moreira têm como base seis procedimentos abertos no Ministério Público Estadual (MPES) sobre contratações realizadas pela pasta de Cultura. Os procedimentos, aponta, são fruto de ” denúncias anônimas e indicam diversas especificidades”, entre elas, participação do secretário de Cultura; o nome dos empresários e artistas envolvidos; em quais eventos as irregularidades foram constatadas; o apontamento de testemunhas, e até mesmo o número de editais e empenhos.

Entre as empresas mencionadas, então a Hudson Cribari Lyra; UBD Produções de Eventos Ltda; Luca Serviços e Eventos Eireli; Arty Serviços e Eventos Eireli; J.E. Produções e Eventos Ltda ME; Criative Music Ltda; Lorraine C C da Silva; Vitória Show Eireli.

Questionamentos

Na sabatina, os vereadores perguntaram a Gagno se ele conhecia Glaucia Regina Barcelos Dias, proprietária da Arty Serviços e Eventos Eireli, mãe de Ulisses Barcellos Dias, proprietário da UBD. Ulisses, por sua vez, é pai de Renato Lucas Ferrari Dias, proprietário da Luca Serviços e Eventos Eireli. Também foi questionado se o ex-gestor conhece Regina Dias, João Vilas Boas Filho, Renato Lucas Ferreira Dias e Ulisses Barcellos Dias.

Outras perguntas foram se a empresa Vitória Show Eireli atendia às demandas da secretaria, se cumpriu todo o contrato, a forma de contratação e se a gestão municipal adere a licitações. Em seguida, o assunto foi o show do cantor Roberto Carlos, ocorrido em abril deste ano na Praça do Papa. 
Também foi contestado se o ex-servidor da pasta, Ben Hur Henrique Sarandy Carneiro de Paula, apontado na representação ao TCE como uma das testemunhas das contratações irregulares, gerenciava as contratações. Conforme consta na representação do vereador ao TCE, um artista ou banda local só consegue ser contratado pelo município de Vitória caso tenha contrato de exclusividade com uma das empresas citadas no documento, com o agenciamento de Hudson.

Gagno afirmou não se recordar se já havia conversado com as pessoas citadas e que a Vitória Show Eireli prestou o serviço “a contento”, além de dizer que não tem conhecimento de algum tipo de contratação terceirizada por parte da empresa. Disse, ainda, que Ben Hur fazia as fiscalizações e que a lei impõe, dependendo da situação, as seguintes formas de contratação: licitação ou contratação direta.

Quanto ao show do Roberto Carlos, afirmou que o patrocínio da prefeitura foi no sentido de vincular sua marca “ao maior artista brasileiro de todos os tempos, que é o rei”. Acrescentou que a atração musical fomentou não somente a cadeia cultural, mas também outras, como o setor hoteleiro e o de logística. Neste último, apontou procuras por alternativas de mobilidade, como Uber e Táxi.
Em relação à Vitória Show Eireli, Anderson Goggi colocou em dúvida a resposta do secretário apontando que, embora o gestor tenha dito que a empresa prestou seu serviço a contento, o contrato, previsto para findar em março de 2023, foi rescindido em novembro de 2022. Quanto ao show na Praça do Papa, afirmou que o aporte foi feito para o Convention Bureau, e não para o realizador do evento. “Será que chegou na ponta mesmo? Será que chegou no evento?”, questionou. Gagno, que por sua vez, garantiu que o contrato com a Vitória Show Eireli foi cumprido integralmente.
André Moreira perguntou ainda se o secretário conhece Hudson Cribari Lyra, cuja empresa se encontra no mesmo endereço da UBD Produções e Eventos Ltda, em um imóvel residencial, e não comercial. 
Outra pergunta feita foi no que o secretário se baseou para mudar o resultado final do Edital Edital 004/2021, da Lei Aldir Blanc, voltado para uma proposta de Intervenção Artístico-Urbana na Capital. De acordo com as denúncias, uma equipe com 39 artistas foi a vencedora inicial do certame, mas teria sido colocada em segundo lugar após uma avaliação do secretário de Cultura. Além de estar fora dos objetivos do edital, a equipe escolhida por Gagno, a Cores que Acolhem, também teria se inscrito fora do prazo previsto.
Gagno respondeu que sua relação com Hudson é profissional, por causa das contratações de artistas feitas pela prefeitura, que são feitas de maneira direta por inexigibilidade, prática que afirma ser comum nas prefeituras e praticada há tempos na de Vitória. 
Sobre a alteração do resultado do edital, respondeu que a comissão que avaliou os projetos atribuiu nota zero ao portfólio de artistas do Cores que Acolhem. Um deles, relata, possui reconhecimento internacional. 

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