André Moreira debate projeto com entidades e Conselho de Jardim Camburi, que tem ação exitosa na área
O vereador de Vitória André Moreira (Psol) pretende criar uma política municipal para a população em situação de rua e, com esse objetivo, se reuniu com o Conselho de Segurança de Jardim Camburi para conhecer a ação que tem contribuído para diminuir ocorrências no bairro, o mais populoso da Capital.
Com o lema “Ouvir ao invés de reprimir”, as ações desenvolvidas pelos moradores, como explica o vereador, permitem uma abordagem multidisciplinar que, “ao invés de perseguir ou maltratar as pessoas em situação de rua, busca a integração e estabelece um relacionamento com elas”.
Para ele, “a experiência exitosa de Jardim Camburi mostra que é plenamente possível uma ação que parta do respeito para integrar essas pessoas de alguma forma à comunidade”.
O vice-presidente do Conselho de Segurança do bairro, Aloísio Roberto da Silva, explica que a prática vem sendo empregada desde 2019, quando o conselho construiu um planejamento estratégico e uma coordenação de assistência social. Daí em diante, as abordagens passaram a ser multidisciplinares, envolvendo as diversas associações existentes no bairro, a prefeitura, as igrejas Batista e Católica e as polícias Civil e Militar.
Um dos índices apontados por Aloísio que indicam o sucesso da iniciativa é a diminuição de pessoas em situação de rua na Praça da Bocha, uma das mais conhecidas do bairro. “Já tivemos 20 pessoas no local e hoje não há nenhuma pessoa nessas condições no local”. A abordagem também ajudou pessoas a conseguir emprego e moradia, enfatiza.
O projeto de Moreira, construído após ouvir duas entidades que representam moradores em situação de rua, a “Sai da Rua” e o “Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR)”, vai de encontro a outro em tramitação na Câmara, do vereador Luiz Emanuel Zouain (Republicanos), que veda “a ocupação, por qualquer pessoa para fins de moradia e quaisquer atividades habituais, providas de assistência social, nos logradouros públicos situados no município de Vitória”.
Também se contrapõe a recorrentes medidas tomadas pela Prefeitura de Vitória na atual gestão, de Lorenzo Pazolini (Republicanos), e na anterior, de Luciano Rezende (Cidadania), que além de não garantirem políticas para essa população, recolhem seus pertences em ações “violentas e truculentas”, como tem denunciado a Pastoral do Povo, da Arquidiocese de Vitória, e o Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica.
Uma dessas ações, realizada em Jardim Camburi, na gestão passada, foi divulgada nas redes sociais por Luiz Emanuel, que a chamou de “choque de ordem”. Na ocasião, o padre Kelder Brandão, coordenador do Vicariato, afirmou que o vereador “encarna o que existe de pior na nossa sociedade” e que suas ações são “desumanas, incivilizadas e cruéis, pecados que bradam aos céus”, que “não passarão despercebidos aos olhos de Deus”.