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Karla Coser e religiões de matriz africana denunciam Gilvan por racismo religioso

Gilvan da Federal ofendeu a Umbanda e o Candomblé em sessão da Câmara de Vitória realizada nesta segunda 

A vereadora de Vitória Karla Coser (PT) irá acionar o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e a Corregedoria da Câmara de Vitória pela prática de racismo religioso por parte do vereador Gilvan da Federal (Patri), que na sessão desta segunda-feira (29) ofendeu as religiões de matriz africana. O Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro-Brasileira no Espírito Santo (Cenarab-ES) também se posicionou, afirmando que irá registrar Boletim de Ocorrência (BO).

Durante a sessão, Gilvan subiu na tribuna e mostrou detergente e bucha, que, segundo ele, seriam utilizados “para limpar a mesa e pedir orações a Deus para nos livrar de todo o mal”, referindo-se à benção feita por mães de santo no plenário da Câmara durante a sessão solene em homenagem ao Dia da Consciência Negra, na última sexta-feira (26), proposta por Karla Coser. 

Leonardo Sá

O vereador também mostrou uma bíblia, que afirmou ser sua “arma principal”. Gilvan classificou a benção das mães de santo como “uma afronta a Deus”, dizendo que “praticamente fizeram uma macumba”. E acrescentou: “vão dizer que isso é cultura, mas não é não. Cultuaram aqui dentro. Vão dizer que o estado é laico, que pode se fazer Umbanda, macumba, o que for. Pode, mas tem lugar apropriado”, disse.
Gilvan prosseguiu com os ataques às religiões de matriz africana dizendo que elas “não falam o nome de Deus” e defendeu que nem ao menos deveria existir o Dia da Consciência Negra. As ofensas por parte do vereador foram refutadas somente por Karla Coser e Camila Valadão (Psol). Os demais vereadores se omitiram. Davi Esmael (PSD) afirmou que “apesar de apresentar discordância sobre como as coisas são feitas, é de direito dela [Karla Coser] a realização da sessão”, não se opondo à pratica de racismo religioso dentro da Casa de Leis que preside.
Karla Coser destacou que Gilvan “destilou ódio, racismo religioso e incapacidade de compreensão. Afirmando ser católica, a vereadora falou “ter capacidade de estar em um espaço com as mães de santo e yabás, abençoando este plenário, assim como pastores vêm aqui abençoar, assim como padres vêm aqui abençoar”.
Camila Valadão afirmou que a atitude do vereador “é mais uma expressão do racismo religioso, lamentavelmente pregado muitas vezes por pessoas que estão na igreja e que deveriam ser exemplo de tolerância e amor, mas sobem na tribuna para usar a imunidade parlamentar para cometer crimes”.
A vereadora Karla Coser salienta que, mensalmente, há cultos religiosos na Câmara, além da leitura de versículos bíblicos na abertura e encerramento das sessões, mas nunca ninguém se opôs a isso.
Mobilização
O Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro-Brasileira no Espírito Santo (Cenarab-ES), que busca fortalecer as comunidades tradicionais, impulsionando sua organização, irá registrar BO contra Gilvan da Federal por racismo religioso. A mãe de santo Vera Sion de Oyá, que coordena o Cenarab em Vitória, repudia as falas do vereador.
Divulgação

“A Câmara é uma Casa de Leis, é lugar nosso, lugar público. As palavras dele cortaram meu coração. O que minha ancestralidade passou eu continuo passando. Isso um dia tem que acabar. Um homem desse, que se diz religioso, que se diz evangélico, vem nos atacar, e nós, negros, não podemos nos calar”, diz.

O Movimento da Juventude de Terreiro do Espírito Santo se organiza para fazer uma manifestação em frente à Câmara nesta sexta-feira (3). A coordenadora, Ana Karolina da Fonseca de Oliveira, informa que a reunião para organização será nesta terça-feira (30). “Ficamos chocados com ele desacatando as religiões de matriz africana, os negros e uma mulher”, referindo-se ao fato de Gilvan ter agredido verbalmente a vereadora Karla Coser.

Durante a sessão, após ter sua fala apontada como racista por ela, o vereador disse que se fosse ao seu casamento, que acontece nesta semana, iria “com um mandado de prisão para prender os convidados, tudo ladrão do Lula”, o que fez a vereadora questionar se aquilo era uma ameaça. Karla destaca que em uma sessão ocorrida na última semana, Gilvan afirmou que chegaria em seu casamento com um fuzil.


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