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Violência já é usada como elemento da pré-campanha eleitoral de 2024

Deputada Camila Valadão e a vereadora de Vitória Karla Coser se levantam contra a onda de violência no Estado

A noite de terror vivida pelos moradores da região de Gurigica, no último domingo (25), com um saldo de três mortes, ultrapassa a esfera policial e se transforma em ingrediente político-eleitoral com força o bastante para azedar relações do governo com setores da segurança pública e lideranças políticas, a um ano e três meses das eleições municipais de 2024. Esse cenário circula nos bastidores e envolve desde vereadores de Vitória a deputados estaduais e agentes públicos encarregados por manter a segurança da sociedade, nem sempre com um modelo adequado.

Não por acaso, os números de feminicídio cresceram nos últimos dois anos, juntamente com outros crimes com armas de fogo. Apesar desse nível de violência, o método facilita declarações midiáticas de que “o tráfico matou” e foi “briga de quadrilhas”, entre outras, que desagrada setores do governo, segundo as notícias que circulam, que indicam, também, insatisfação na base da tropa da Polícia Militar, que reclama da falta de planejamento para as ações. 

Enquanto alguns agentes públicos buscam a saída para a questão pela via de políticas públicas nos programas de governo que promovam a inclusão social, como a deputada Camila Valadão (Psol), potencial candidata à Prefeitura de Vitória, e a vereadora Karla Coser (Psol), outros seguem os métodos de violência disseminados no governo passado, com um agravante: a população está mais armada e apta para matar com maior facilidade. Um quadro que faz parte da pré-campanha eleitoral de 2024, já em pleno andamento.

No meio desse contexto, moradores da região, vítimas da inócua guerra às drogas, cujos alvos, na grande maioria, são pretos e pobres criminalizados historicamente, que servem como justificativa para que o Estado mantenha a mesma política com base da estrutura desigual, racista e preconceituosa. Então não era assim quando os capitães do mato perseguiam as pessoas escravizadas, há 300 anos? As mudanças ocorreram, sim, mas ainda se mostram insuficientes, os métodos são os mesmos.

As vozes que apontam essas falha do Estado são de Karla Coser (PT) e André Moreira (Psol), na Câmara de Vitória, e Camila Valadão, que é  presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Esses agentes sugerem ações voltadas ao campo social, um setor de segurança mais humanizado e com respeito à cidadania e, também, em defesa dos  policiais militares responsáveis e dentro de uma visão em respeito aos direitos do cidadão.  

Cobram apuração das mortes registradas no domingo e em outros crimes cometidos por policiais – “maus policiais”, como diz Karla. Na Assembleia, Camila Valadão organiza uma diligência da Comissão de Direitos Humanos para visitar o Território do Bem, a fim de ouvir a comunidade sobre a política de segurança pública na região.

Essas práticas passam bem distantes de discursos de representantes da direita, como os do vereador Davi Esmael (PSD), Luiz Emanuel (Republicanos) e dos deputados Callegari e Lucas Polese, da bancada do PL, sigla que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, incentivador da violência armada. Seguem a mesma trajetória que visa criminalizar partidos como o PT e o Psol, divulgando informações falsas de que os partidos de esquerda defendem a liberação de droga no país.

No momento em que o episódio de Gurigica toma conta do noticiário, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou que a proibição de “certas drogas psicoativas seguida da repressão policial resultam anualmente em milhares de mortes por ações violentas no país”.

Com base nesse fato, o estudo “Custo de bem-estar social dos homicídios relacionados ao proibicionismo das drogas no Brasil” visa “quantificar a magnitude desse problema, considerando alguns indicadores econômicos e de saúde pública”. Tomando como referência o ano de 2017, a publicação estima que o custo de bem-estar dessa tragédia para o país corresponde a cerca de R$ 50 bilhões anuais, ou 0,77% do Produto Interno Bruto (PIB).

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