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Vídeo de Benedicto Júnior demole explicações de Hartung

A divulgação do vídeo (abaixo) da delação premiada do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, compromete ainda mais o governador Paulo Hartung (PMDB) e dois de seus aliados: Neivaldo Bragato e Roberto Carneiro, respectivamente, conselheiro administrativo do Banestes e diretor-geral da Assembleia Legislativa. O governador, logo que seu nome apareceu na lista do ministro do Supremo Edson Fachin, afirmou que as acusações eram “levianas e mentirosas”, sob o argumento de que não disputou as eleições de 2010 e 2012. O delator afirmou, porém, que Hartung pediu o dinheiro à empreiteira para as campanhas eleitorais de aliados.
 
 
Nos meios políticos, nunca foi novidade que Neivaldo Bragato sempre funcionou como um executivo de Hartung na negociação e receptação dos recursos que deveriam ser usados na campanha eleitoral de aliados do Palácio Anchieta, o que chama atenção é o fato de o delator deixar escapar, que se encontrava com Hartung no escritório de consultoria do governador para pedir opinião sobre os projetos da Odebrecht no Estado, o que sugere uma atuação de Hartung como consultor informal para esses projetos.
 
Segundo a delação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, em seu depoimento, em 16 de dezembro de 2016, o governador não deu nenhum benefício concreto para a Odebrecht. “Ele me recebia, me ouvia, mas nunca se movimentou para fazer benefício direto à Odebrecht. E nesse caso é a relação direta minha”, disse.
 
Mas ao ser questionado sobre o interesse na relação com o governador, Benedicto Júnior explicou que como o Espírito Santo é um Estado pequeno, Hartung era um bom formador de opinião, a quem o ex-presidente gostava de ouvir sobre os projetos em curso. “Por exemplo, perguntava “eu tô fazendo negócio com a Vale, que vai construir uma ferrovia, que vai passar pelo seu Estado. Você acha que vai ser importante? A Vale vai construir…”. Tinha entabulação de ouvi-lo para as ações que estávamos fazendo para o nosso lado”.
 
Os encontros entre Benedicto e Hartung aconteceram no escritório da empresa de consultoria Econo, que o governador tocou, quando estava fora do governo com o ex-secretário da Fazenda José Teófilo. A consultoria, segundo BJ, funcionava no Edifício Corporate Center, na Avenida. Nossa Senhora da Penha. O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura vinha ao Estado exclusivamente para essas conversas com Hartung, já que a parte do dinheiro era tratada com Bragato.
 
Argumento desmontado
 
Outro aspecto do depoimento que chama atenção é o fato de ele desmontar a justificativa apresentada pelo governador para responder às acusações. Nessa quarta-feira (12), em entrevista ao Bom Dia ES, o governador afirmou que “as acusações são mentirosas, delirantes e não se mantêm de pé”.
 
O argumento utilizado pelo governador foi de que nem em 2010 e nem em 2012 disputou as eleições, por isso, não teria sentido solicitar o recurso de campanha. Ele foi acusado de receber R$ 1 milhão para campanhas eleitorais, que foram repassadas por meio de caixa 2. “Estou indignado. Essa delação em relação à minha pessoa não é uma delação, é um delírio. Não tem outra forma de caracterizar”, disse.
 
Mas em seu depoimento, Benedicto detalhou como se deram os repasses. O executivo afirmou que em 2010 foi procurado pelo governador Paulo Hartung com um o objetivo de pedir ajuda para as campanhas de aliados. Na época ele estava encerrando o mandato de governador, não ia concorrer, mas tinha um grupo político em torno dele, e que o valor pedido foi de R$ 1 milhão, divididos em quatro parcelas de R$ 250 mil. É nesse contexto da delação que entra o aliado político histórico de Hartung, Neivaldo Bragato. Sempre atuando como eminência parda que acompanha o governador desde os tempos de movimento estudantil.
 
“Eu perguntei qual a pessoa com quem eu iria tratar disso e ele indicou uma pessoa da confiança dele, que é o Neivaldo Bragato. Eu coloquei o Sérgio Neves que era o diretor-superintendente que cuidava de Minas e Espírito Santo em contato com o Neivaldo Bragato. O Sérgio me informou que nos fizemos quatro pagamentos de R$ 250 mil cada um. Foram feitos pelo Rio de Janeiro, em hotéis do Rio de Janeiro, em espécie, provenientes do sistema de operações estruturais da Odebrecht [conhecido como Departamento da Propina]. Eu trago como colaboração as programações de pagamento executadas. O primeiro ilícito em relação ao doutor Paulo Hartung foi esse”, disse.
 
Na campanha de 2012, entra em cena outro operador para a captação de recursos de caixa 2 para campanhas. “Em 2012, novamente, em uma campanha a prefeituras do Espírito Santo, ele me procurou e pediu ajuda para o partido. Os candidatos que o partido apoiaria no Espírito Santo. E eu autorizei a importância de R$ 80 mil para campanhas do PMDB para campanhas do ES. Essa programação foi feita no dia 3 do nove de 2012 em Vitória. O Sérgio Neves, que é meu executivo, me informou que a pessoa que recebeu esse dinheiro foi Roberto Carneiro, que trabalhava no escritório de campanha do partido PMDB em Vitória”, disse.
 
Documentos
 
Para comprovar as denúncias, o executivo apresentou durante a delação alguns documentos sobre os fatos relatados. A primeira prova foi o extrato fiel do Outlook de Benedicto, com os emails trocados com o governador. Também apresentou os telefones e endereços de Hartung onde aconteceram os encontros e as secretárias que atendiam as ligações, Simone Módulo (atual subsecretária de Estado de Turismo) e Dayse.
 
Ele também entregou outro documento, que traz uma síntese dos pagamentos que foram extraídos dos sistemas da empresa e que foram entregues integralmente ao Ministério Público, corroboração das provas. “Aqui tem um resumo dos pagamentos, mas tem planilhas com e-mails, demonstrando pagamentos, planejamento e programação de pagamentos para o codinome “Baianinho”, que era o codinome que adotamos, por ser um Estado próximo à Bahia, que era o codinome que usávamos pra o doutor Paulo Hartung”, afirmou.
 
Ao ser perguntado se o governador sabia que o dinheiro seria repassado via caixa dois, o delator disse acreditar que sim.  Quando ele pediu o dinheiro nós dois não discutimos. Depois, quando o Sérgio conversou com o Neivaldo eles detalharam como seria. Como era um valor muito acima de uma doação que nós faríamos a um partido ou um candidato, o Sérgio ficou… o Neivaldo, inclusive, de fazer caixa 2. Como o Neivaldo era uma pessoa de confiança do doutor Paulo, por isso eu pressuponho que o doutor Paulo sabia que iríamos fazer caixa 2.

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