Foram dois dias de paralisação nacional nestes 2 e 3 de outubro nas universidades brasileiras contra os cortes, a precarização e os ataques do governo federal contra a educação superior pública. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) o funcionamento regular foi paralisado e houve piquetes nas entradas de acesso nos diversos campi, além de diversas atividades relacionadas com as jornadas de lutas, como aulas públicas, debates, panfletagem, cinema, sarau e um ato de encerramento pelas ruas de Vitória.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE-Ufes), a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) e o Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes), entidades representativas de professores, servidores e estudantes, convocaram e participaram da paralisação, assim como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES).
Ato saiu da Ufes até sede da Petrobras. Foto: Sindipetro-ES
A professora do Centro de Educação da Ufes, Ana Carolina Galvão Marsiglia, que faz parte do Coletivo Professores em Movimento, avaliou como positivos os dois dia de ações, no qual entende que foi possível dialogar com estudantes, professores e servidores da entidades e também com a população em geral. “Muito se tenta dizer sobre a greve e que ela atrapalha a população. É preciso que expliquemos aos trabalhadores que estamos defendendo o patrimônio público, a única Universidade pública do Estado, nos posicionamos contra a reforma da Previdência, que prejudicará a população mais pobre do país, defendemos a soberania nacional e por isso nos opomos a quer tentativa de privatização”, disse.
Entre os temas debatidos nas atividades realizadas pela comunidade universitária durante os dias de paralisação, estiveram os desafios atuais da universidade diante da conjuntura política e o programa Future-se, recentemente rejeitado pelo Conselho Universitário da Ufes, mas que aponta para vários aspectos do entendimento do atual governo federal sobre qual projeto pretende implementar nas universidades brasileiras, que têm sido um foco de oposição organizada. “É preciso compreender que isso não será defendido sem luta, porque estamos na contramão dos interesses dominantes e a tentativa de nos criminalizar e desqualificar nos coloca como vilões daquilo que estão tirando do povo brasileiro”.
Encerramento do ato. Foto: Sindipetro-ES
A manifestação final, que aconteceu no início da noite de quinta-feira, foi chamado de “Ato Público em Defesa da Educação e da Soberania Nacional”, saindo da Ufes até a sede da Petrobras na Reta da Penha, com participação de mais de mil manifestantes. O tema da soberania nacional foi debatido com participação do Sindipetro-ES, justamente no dia em que a Petrobras completou 66 anos de fundação, pontuando a relação dos cortes na educação com os ataques à empresa estatal de petróleo e o que isso representa para a soberania do país. Trabalhadores dos Correios e da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) também se somaram às atividades, em defesa das empresas públicas.