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Jornal dá voz às demandas das comunidades menos favorecidas

 

Há alguns anos, o jovem Rene Silva, morador do Complexo do Alemão – conjunto de 13 favelas na zona norte do Rio de Janeiro –, criou o jornal Voz da Comunidade, que cumpria a função de divulgação interna dos problemas da comunidade, geralmente tratados secundariamente pela grande mídia por conta do tráfico e da violência.
 
Mas foi no final de 2010 que ele e o jornal ganharam notoriedade em todo o Brasil, quando transmitiu pelo Twitter, em tempo real, a invasão da Polícia Militar ao Complexo do Alemão. O fato alçou o Voz da Comunidade ao posto de um dos mais conhecidos jornais comunitários do País e, após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local, Rene ganhou ainda mais notoriedade.
 
O jovem esteve em Vitória nesta sexta-feira (28) para o seminário “Mídia, juventude e violência: o poder da estigmatização”, realizado pela campanha Contra a Violência e Extermínio de Jovens dentro da intensa programação da Semana Estadual de Juventude, que começou no último dia 24 e termina neste sábado (29). Rene Silva veio para o painel “Mídias sociais como alternativa de enfrentamento”.
 
Rene diz que a comunicação interna é uma das grandes formas de resistência de áreas como o Complexo do Alemão, historicamente marginalizadas pelo poder público. “É grande a importância dos meios de comunicação comunitária”, reforça. “A grande mídia normalmente só tratava de fora pra dentro, mas, quando a gente começa a divulgar as nossas próprias informações, do nosso jeito, a relação muda e a gente consegue uma comunidade mais forte”.
 
Ele afirma, também, que depois das pacificações a grande mídia do Rio de Janeiro começou a tratar a comunidade de outra forma, incluindo nisso a juventude. “Agora, tudo que a gente sempre fez – mas que não tinha divulgação – é mostrado pela mídia”. 
 
Sobre a falta de políticas públicas para a juventude da periferia, Rene diz que normalmente falta suporte dos governos para que a comunidade realize atividades. “Sempre há muitas ideias, mas nem sempre temos incentivo para fazer. Tem muita gente que acaba fazendo por conta própria, o que é prejudicial”, diz ele, citando exemplos de sua própria comunidade.

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