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Gurus e Curandeiros – Parte XIII

Uri Geller começou sua carreira como mágico, mas logo se divulgou como um paranormal, e em torno de sua figura foi produzida uma ilusão coletiva, desta que de paranormal foi tachado de um dos mais complexos charlatães do mundo, pois ainda tem gente que acredite em seus poderes.

Uri Geller, além de sua capacidade ilimitada de ilusionista vendida como poder paranormal, conseguiu criar um método de marketing mundial e conseguiu ficar milionário com seus supostos poderes. Era um bom manipulador, sabia o funcionamento da atenção e, com isso, usava a sua influência para produzir a sugestão necessária em seu público para que seus poderes paranormais fossem creditados como verdadeiros. O marketing, por sua vez, fazia o resto, colocando Uri Geller como aquele que fazia as pessoas verem o que não existe.

Os anos setenta foram o auge da popularidade de Uri Geller, isso sob o influxo da expansão da pseudofilosofia new age, o que fez com que os fenômenos supostamente paranormais ganhassem certa atenção de curiosos, algo que talvez encontre paralelo somente nos fenômenos de salão na Europa no século XIX, pouco antes da codificação kardequiana.

Uri Geller começou a construir a sua lenda com uma versão fantasiosa de que quando tinha 4 anos ele viu no céu um poderoso raio de luz que lançou uma energia sobre ele e o colocou inconsciente, seguindo seu relato delirante (na verdade, possivelmente inventado), ele julgou que tal fenômeno tinha sido um contato com seres extraterrestres. Foi então que após este episódio, voilá, ele adquiriu a sua conhecida capacidade paranormal de entortar colheres. E quando começou a se tornar famoso, já tinha também a capacidade extraordinária de parar ou acelerar os ponteiros dos relógios.

Uri Geller se tornou uma celebridade e passou a se apresentar em centenas de programas de televisão como convidado. Sua apresentação tinha os fenômenos de entortar colheres e movimentar ponteiros, o que era interpretado como dons de telepatia. Também tinha na sua apresentação o fenômeno em que assistentes desenhavam algo sem Uri Geller ter visto o desenho e o mesmo reproduzi-lo fielmente.

O fascínio em torno da figura de Uri Geller levou a CIA a convidá-lo para que este provasse seus poderes paranormais. A CIA, depois de alguns testes, concluiu que Uri Geller era paranormal e ele começou a trabalhar para a CIA. Uri Geller também trabalhou com mineração, localizando minas com seus poderes paranormais, numa função sui generis em tal área.

Mas haveria uma pedra no caminho do sucesso de Uri Geller, até então imponente e inquestionável, e esta figura seria o mágico e ilusionista James Randi, que era confundador e membro do Comitê para a Investigação Cética, desmascarando farsas e desfazendo mitos produzidos por conceitos de pseudociência.

E foi em 1973 que James Randi armou uma arapuca para Uri Geller, este que fora convidado para o programa de TV de Johnny Carson, em que Randi desfez todo o esquema em que se dava usualmente as apresentações de Uri Geller. O desafio começou por fazer Uri Geller usar colheres diferentes das que trazia para as suas apresentações, e proibiu Uri Geller de escolher as pessoas que fariam os desenhos para que ele adivinhasse.

James Randi então conseguiu seu intento, pois Uri Geller não conseguiu exibir seus poderes paranormais, não dobrou colheres e nem adivinhou os desenhos, e foi quando Uri Geller deu a desculpa de estar se sentindo pressionado e que isto bloqueou seus poderes paranormais. Uri Geller processou Randi, e o mesmo também processou Uri Geller e venceu o processo.

Uri Geller também teve outros dois episódios conhecidos em que seu suposto poder paranormal falhou, na tentativa de parar o Big Ben e depois o relógio de Puerta del Sol. Mas a crença em torno de sua paranormalidade continuou e ele permaneceu fazendo as suas turnês. Uri Geller, por fim, foi objeto de uma curiosidade enorme, o que resultou em livros e artigos sobre seus poderes paranormais, feito por escritores, parapsicólogos e cientistas.

“Senhor, há uma clara diferença entre ter uma mente aberta e ter um buraco na cabeça pelo qual o cérebro escapa”. James Randi

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Blog: http://poesiaeonhecimento.blogspot.com

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