Audiência pública encerra Semana Estadual contra o Extermínio de Jovens

Uma audiência pública na Câmara de Vitória encerra, nesta sexta-feira (28), a Semana Estadual Contra o Extermínio da Juventude. O debate acontece a partir das 19h e contará com a participação de militantes dos movimentos jovem, negro e LGBT.



Iniciativa do vereador Roberto Martins (PTB) e do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve), a audiência busca visibilizar o problema e fomentar a formulação de políticas públicas que o combatam, com participação da sociedade civil organizada.



Confirmaram presença na audiência o presidente do Grêmio Rui Barbosa, Luiz Augusto; o gerente estadual de Políticas Públicas de Juventude do Estado, Fabrício Pancotto; a representante do Fórum Estadual de Juventude Negra (Fejunes) e diretora de articulação do Conselho Estadual de Juventude, Crislayne Zeferina; a vice-presidente do Conselho de Segurança Urbana, Rozilene Aparecida de Sá; a conselheira de Juventude e coordenadora do Fejunes, Grasielly Cardoso, o representante da Gold, Rafael Benedito Santos, e o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha.



Lula afirma que a violência maior ainda se abate contra negros e negras, que representam 70% das vítimas dos homicídios praticados contra a juventude no Espírito Santo. No Estado, jovens negros têm 5,5 vezes mais chances de morrer vítima de homicídio na comparação com jovens brancos. A redução do número de homicídios registrada recentemente afetou praticamente apenas os jovens brancos, pois entre os negros, os números continuam estáveis.



Este ano, denuncia o coordenador do Círculo Palmarino, não se avançou na apuração dos crimes contra jovens negros, nem se iniciou um diálogo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).



“Eles anunciaram medidas que a gente teve que se contrapor e mesmo assim continuam na perspectiva de não ouvir os movimentos sociais nem a comunidade”, relata, referindo-se especialmente a crimes emblemáticos ocorridos este ano, como o assassinato dos irmãos Ruan e Damião, na Piedade, em março, e de um trabalhador durante operação policial em Jesus de Nazareth na última sexta-feira (21).



“Estamos recebendo denúncias que esse pelotão criado em Jesus de Nazareth está agindo com truculência, desrespeitando os direitos das comunidades. Ao invés de resolver, está trazendo mais violência”, diz.



O pleito maior, conta o militante, é a elaboração de um Plano de Enfrentamento à Violência Contra a Juventude Negra, com ações e programas que incentivem o protagonismo desse segmento da população, por meio da cultura e da geração de emprego e renda. “Não funciona adotar políticas sem levar em consideração a própria juventude”, afirma.



Semana Estadual



Outra pauta importante, assinala Crislayne Zeferina, é a criação de uma Frente Parlamentar da Juventude, na Assembleia Legislativa, para viabilizar a participação da sociedade civil na criação e implementação das políticas públicas necessárias.



Falar de violência e extermínio é também lembrar que, ao negar os direitos aos jovens, também se está exterminando aquele jovem. Antes da morte física, existem outras mortes, como a psicológica e a social, porque sem perspectiva de vida, de trabalho, de estudo, ele se volta para o tráfico de drogas”, exemplifica.



A Semana Estadual Contra o Extermínio da Juventude deste ano contou com a realização de debates e Slams de poesias em vários pontos da capital, e com a reativação do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes).