Quinta, 28 Março 2024

Bomba relógio

Nos seus dois primeiros governos (2003 – 2010), Paulo Hartung (PMDB) privilegiou o setor empresarial e negligenciou os investimentos na área social. O sistema prisional foi um dos setores que ficaram a ver navios.
 
O governo não reformou ou construiu novas unidades prisionais, tampouco fez investimentos em políticas públicas preventivas, especialmente as voltadas à infância e adolescência. Afinal, são os jovens negros e pobres os mais vulneráveis. Eles são facilmente cooptados pelas redes criminosas onde o Estado é mais ausente.
 
As chamadas políticas públicas exigiriam investimentos altos e o retorno político geralmente é a longo prazo. Seriam esses investimentos em prevenção que evitariam que a população prisional crescesse em progressão geométrica. Hartung, porém, nem investiu no sistema prisional, nem criou sequer um  programa de prevenção à violência voltado a jovens. A ausência de políticas públicas combinada a um sistema prisional que mais parecia calabouços medievais criaram as condições para o Estado ser um violador de direitos humanos com projeção internacional. 
 
Não demorou para as “masmorras de Hartung” ganharem destaque nacional e em seguida  chegarem à Organização das Nações Unidas (ONU). Uma mácula para o Espírito Santo e para o Estado brasileiro, que foi parar no banco dos réus perante a comunidade internacional. 
 
O retrospecto negativo fez Hartung prometer que priorizaria a área social neste terceiro mandato, mas até agora ele não cumpriu a promessa. 
 
Reportagem de Século Diário publicada nesta segunda-feira (4) aponta que a população prisional (homens e mulheres) já passam de 19 mil pessoas, num sistema programa para receber pouco mais de 13 mil internos, ou seja, há hoje um déficit de mais de seis mil vagas.
 
A superlotação já é uma realidade. A política de austeridade do governo obviamente não vai despejar os parcos recursos na construção de novas unidades prisionais, tampouco irá fazer investimentos em políticas públicas de prevenção para evitar que essa população continue crescendo exponencialmente. 
 
Paulo Hartung parece não ter aprendido nada com as masmorras. A superlotação é o ponto de partida para as violações. Logo, logo virão os casos de tortura, abusos de todo o tipo e as execuções. A bomba relógio está armada. 

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