Quarta, 24 Abril 2024

‘Coincidência’


A reunião do secretário de Estado de Planejamento, Álvaro Duboc, com entidades representativas do funcionalismo público nessa terça-feira (30), marcando finalmente a abertura da mesa de negociação reivindicada há sete meses sobre as perdas salariais acumuladas desde 2014, ocorreu logo no mesmo dia da tão esperada decisão do governador Renato Casagrande sobre a sanção da “lei dos sonhos” do procurador-geral de Justiça, Eder Pontes (foto), que cria os 307 cargos comissionados no Ministério Público do Estado (MPES) pela bagatela de R$ 28,9 milhões aos cofres públicos anuais e com direito à blindagem da prática do apadrinhamento político. A concessão feita a Eder, contrariando o discurso de austeridade do governo do Estado, como apontado pela Associação dos Servidores do MPES (Assempes), despertaria, é óbvio, ainda mais críticas e reações, tão logo fosse confirmada a sanção, já sinalizada antes pelo governador. O dia de ouvir as demandas dos servidores e se dispor a analisa-las, depois de ignorar protestos, requerimentos e etc. e tal, se não foi uma estratégia para tentar “sossegar o leão”, sei não, viu?!


Juntos de um lado

Desde quando o projeto de Eder Pontes chegou à Assembleia, o Sindipúblicos, que encabeça a luta dos servidores, aderiu à luta da Assempes contra a aprovação, inclusive com ameaças de acionarem a Justiça. Depois veio a campanha #vetagovernador. Mas Casão só vetou a parte mais fácil – pagamento do 13º do auxílio-alimentação dos servidores do MP.


Juntos do outro

Também nessa terça, o Sindipúblicos publicou foto do governador ao lado de Eder Pontes, em jantar com empresários, e lembrou que o valor anual dos gastos com os cargos comissionados é mais alto do que seria recompor o salário dos mais de 50 mil servidores, de acordo com a inflação acumulada desde abril de 2018, ao todo R$ 24 milhões.


Pressão

Na última sexta-feira (26), em mais um movimento, representantes dos servidores estaduais estiveram no Palácio da Fonte Grande, reforçando a cobrança pela recomposição salarial, justificada também em dados de um estudo econômico. No mesmo dia, articularam o lançamento de uma campanha de valorização e ações de mobilização, como já feito antes. Sendo assim...


Pressão II

...o que você acha que pesou mais para a reunião dessa terça? A mais recente ação dos sindicatos ou a decisão do governador pelos 307 cargos, contra as demandas de várias categorias e da própria população?


Previsível

Na semana passada, diante dos repetidos anúncios de Casagrande na imprensa de que vetaria o 13º e analisaria com “cuidado” o projeto de criação dos cargos comissionados, a coluna cantou a pedra: vai tirar de um, para manter o outro. Dito e feito.


Defesa

A justificativa do governador para sancionar o projeto de Eder é que o Ministério Público tem autonomia financeira e orçamentária e, portanto, não pode interferir. Convenceu?


Permanência

Resta saber, agora, como o governo vai conduzir os próximos encontros da mesa de negociação com os servidores públicos. Até outro dia, recusava qualquer possibilidade, insistindo em debater o assunto só em 2020.


Sistema forte

A propósito, Casagrande prestigiou, na noite de segunda-feira (29),  a posse da nova diretoria do pra lá de conhecido movimento empresarial Espírito Santo em Ação. O novo diretor-presidente da entidade é Fabio Brasileiro, até 2022. Nos últimos governos, tanto de Casagrande como de Paulo Hartung, a ES em Ação fez e aconteceu ditando as decisões do mercado político.


Sistema forte II

E foi exatamente lá, no Itamaraty Hall, em Vitória, que o governador jantou ao lado de Eder Pontes, na véspera da sanção do projeto dos 307 cargos, que o procurador-geral de Justiça tentava emplacar há anos, mas foi vetado por Hartung antes mesmo do projeto chegar à Assembleia.


PENSAMENTO:

“Não há nada que recebamos com tanta relutância como os conselhos”. Joseph Addison

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