Ao tentar realizar a rematrícula dos alunos da Escola Estadual Pública de Ensino Fundamental (EEPEF) Professora Ilda Meirelles Freire, localizada em Boa Vista, zona rural de Cariacica, próximo à Roda D’água, pais e responsáveis tiveram uma desagradável surpresa. Eles não conseguiram fazer o procedimento, uma vez que a unidade de ensino foi fechada pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), sem que o fato fosse comunicado previamente à comunidade. Com a proximidade do fim do período de rematrícula, no próximo dia 26, eles lutam contra o tempo para encontrar uma solução para o problema. Os estudantes correm o risco de ficar sem vagas nas escolas das redondezas.
“Os pais tentam fazer a rematrícula pelo sistema da Sedu, pedir transferência para outro bairro, mas não é possível. A escola não aparece no sistema, que ficou bloqueado; é como se ela não existisse mais”, explica a presidente da Associação de Moradores de Boa Vista, Raquel José de Sant’Anna Araújo. Ao utilizar o sistema, aparece o aviso de que “não há nenhum procedimento de rematrícula para a instituição de ensino para a EEPEF Professora Ilda Meirelles de Freire.
Segundo ela, já foi feita, inclusive, uma reunião com técnicos da Secretaria, que estão tentando solucionar o problema. Diante das incertezas, a comunidade realizou um abaixo-assinado e buscou apoio dos poderes constituídos: Câmara de Cariacica, onde conseguiram apoio do vereador Professor Elinho (PV); Assembleia Legislativa do Estado, com o deputado estadual Delegado Lorenzo Pazolini (PSL), e também formalizaram uma denúncia no Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Reforma
O que tem causado a indignação da comunidade também é o fato de a Sedu ter, recentemente, reformado a escola. Por meio de fotos dos ambientes reformados e até da placa onde são explicitados os valores e prazos para execução da obra, os moradores da localidade de Boa Vista acusam a Sedu de falta de planejamento e desperdício de recursos públicos. Segundo as informações, foram gastos R$ 144,7 mil em obras de manutenção civil e elétrica da escola num prazo de 210 dias.
A líder comunitária Raquel Sant’Anna afirma que o desejo da comunidade é o de que a escola permaneça na região, pela proximidade da residência dos alunos. São 20 estudantes de baixa renda que dependem da unidade. Caso seja fechada, não há ainda ideia do que se fazer com o prédio, cujo investimento foi realizado com recursos públicos em terreno doado por um morador da região.
Fechamento de outras unidades
Em 2018, último ano do mandato do ex-governador Paulo Hartung, houve um forte movimento de fechamento de escolas, sobretudo em comunidades das zonas rurais do interior. Na ocasião, o motivo era a transferência dos estudantes para unidades da Escola Viva, vitrine do então governo. Por meio de forte reação e, com apoio do Ministério Público, algumas delas foram reabertas.
Recentemente, moradores de Castelo reagiram ao possível fechamento da escola Emilio Nemer, conhecida como Cetec, devido ao período em que funcionou como escola técnica. A EEEM Emilio Nemer oferece ensino médio e técnico para cerca de 450 alunos, distribuídos em 16 salas.
Para a comunidade, a especulação imobiliária seria o motivo do fechamento da escola, cujo prédio está numa área muito valorizada do centro da cidade.