Sexta, 26 Abril 2024

ECO 101 não cumpre determinações contratuais para redução de atropelamentos de animais na BR 101 norte

ECO 101 não cumpre determinações contratuais para redução de atropelamentos de animais na BR 101 norte
A concessionária ECO 101, que administra a BR 101norte, ainda não cumpriu as determinações contratuais para redução de atropelamentos de animais no trecho da rodovia que corta a Reserva Biológica de Sooretama (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio) e Reserva Natural da Vale, com pouco mais de 25 quilômetros. A denúncia, feita por entidades locais, será apurada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus Tratos contra Animais da Assembleia, em sessão extraordinária nesta quinta-feira (11), às 19 horas, em Linhares.
Um ponto de destaque, segundo informações da CPI, é a não construção dos túneis de passagens para animais, conforme previsto no contrato de concessão.
No trecho são cerca de 20 mil animais mortos por ano - dois animais por quilômetro, por dia - entre anfíbios, morcegos, aves, répteis, e também pequenos e grandes mamíferos. Uma catástrofe que, lentamente, mina a resiliência da floresta, ameaça a qualidade de vida das comunidades do entorno – municípios de Sooretama, Linhares e Jaguaré – e reflete negativamente em nível mundial. 
O complexo florestal formado pelas duas reservas compreende metade da área das chamadas Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento, declaradas como Patrimônio Natural Mundial da Humanidade pela Unesco/ONU. Também é um dos núcleos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Unesco/ONU) e integra um corredor ecológico estadual e um Mosaico de Unidades de Conservação.  É o último refúgio de algumas espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada (Panthera onca), e um dos últimos abrigos para espécies também ameaçadas, como o gavião-real (Harpia harpya) e a anta (Tapirus terrestres).
O atropelamento de animais silvestres nesse trecho da rodovia – entre o KM 99, na altura do Rio Barra Seca, e o KM 124, próximo ao trevo de Sooretama – que corta a floresta é um problema grave e histórico das duas reservas e várias iniciativas já foram movimentadas no sentido de minimizá-lo.
A última delas, de grande repercussão, foi um workshop realizado em 2014 pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), reunindo autoridades ambientais estaduais e regionais, pesquisadores locais e de outras instituições fora do pais, a ONG Últimos Refúgios (que liderou, junto da Ufes, a organização do evento), representantes do Ministério Público, entre outras entidades.
Um dos resultados foi a indicação de algumas medidas emergenciais, até que ações mais estruturantes sejam realizadas, como o desvio da estrada para um trecho menos acessado pelos animais.



Entre essas medidas, estão a redução da velocidade dos veículos para menos de 60km/h (o que aumenta em apenas cerca de seis minutos o tempo de viagem); a instalação de radares inteligentes, que revelam a velocidade média do veículo no trecho monitorado; a desobstrução dos túneis de drenagem de água, que podem servir como passagem da fauna; o cercamento da via de forma direcional para os túneis; e a promoção de ações de sensibilização dos usuários.
O professor Áureo Banhos, da Ufes, que elencou as medidas junto do presidente da ONG Últimos Refúgios, Leonardo Merçon, explica, porém, que elas não resolvem os problemas dos morcegos e aves, por exemplo. E mesmo para os grandes mamíferos, não são garantia total de segurança, mas podem reduzir bastante o índice de atropelamentos, de forma emergencial. E vai refletir também na segurança das pessoas.
No ano passado, o Ministério Público Federal se envolveu mais ativamente, realizando reuniões e exigindo a adoção dessas medidas pela concessionária. Mas, quase um ano depois, também não se sabe de nenhuma ação efetiva que tenha sido realizada pelo MPF ou a concessionária.
“Nossa sociedade já está passando dos limites. Esse tipo de impacto, desmatamento, atropelamento e destruições, estão agravando um destino muito trágico pra nossa sociedade. Se não buscarmos uma forma de viver comais harmonia com a natureza, nossa sociedade vai se desmantelar com crises hídricas e tragédias como a do Rio Doce”, alerta Leonardo Merçon

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