Quinta, 25 Abril 2024

Granja, militante histórico contra a ditadura militar, morre aos 106 anos

Granja, militante histórico contra a ditadura militar, morre aos 106 anos

Antônio Ribeiro Granja, histórico ativista político ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCB), morreu na noite desse domingo (9), aos 106 anos, em um hospital particular de Vila Velha, onde estava internado para tratamento de uma infecção e retirada de uma pedra na vesícula, mostrando-se lúcido até a véspera de sua morte. 



Granja morava em Cariacica, onde foi vereador, e era presidente nacional de honra do Cidadania (antigo PPS). O velório ocorre nesta segunda-feira (11), na Câmara Municipal, e o enterro na manhã desta terça-feira (12), no Cemitério São João Batista, também em Cariacica.



Natural de Exu, Pernambuco, na adolescência Granja seguiu o caminho de muitos de seus conterrâneos que iam buscar emprego em São Paulo. Foi lá que, em 1930, aos 17 anos, começou sua militância, ao entrar para a Aliança Liberal.



Atuou no movimento sindical e entrou para o Partido Comunista em 1934. Trabalhou como pedreiro e operário em São Paulo, até ser chamado para a construção da ferrovia Brasil-Bolívia. Com a criação da Vale do Rio Doce, em 1942, veio para o Espírito Santo para trabalhar na oficina de vagões da companhia, em Cariacica.



No Estado, liderou o movimento sindical dos ferroviários, acompanhou a criação das primeiras leis trabalhistas e participou do surgimento das primeiras centrais sindicais do Brasil. Organizando greves e se opondo ao governo getulista do Estado Novo, Granja chegou a ser detido algumas vezes pela polícia no período.



Com o fim da Era Vargas (1930-1945), o partido voltou à legalidade. Em 1947, Granja foi eleito vereador de Cariacica pelo PCB. Neste período, também ajudou a fundar a “Folha Capixaba”, o jornal dos comunistas no Espírito Santo. Na Câmara de Cariacica, ele ficou até 1952. Depois, começou sua perseguição, motivo que o fez deixar o Estado. Foram 27 anos de perseguição.



Depois do início da ditadura, ficaram 18 dirigentes do Comitê Central em todo o Brasil. Onze deles foram presos e assassinados. Naquela época, Granja teve mais de 40 nomes diferentes. José Amaro, Luiz, Baiano e Francisco foram alguns deles. Este último lhe rendeu o apelido de Chiquinho, nome que a atual esposa, Silnéia do Espírito Santo, de 68 anos, o chama até hoje. Só voltou a ser chamado de Antônio Ribeiro Granja com a Lei da Anistia (1979).



Com o fim do regime, Granja voltou a trabalhar para jornais do partido e foi convidado a escrever para a revista “Internacional”, com sede em Praga, na antiga Tchecoslováquia, hoje República Tcheca. Lá, viveu os últimos anos da União Soviética, voltando para o Brasil no início da década de 1990. Com o fim da União Soviética, o Partido Comunista Brasileiro se dividiu em três correntes. Parte dos dirigentes defendia uma grande mudança, tirando da bandeira símbolos históricos como a cor vermelha e a foice com o martelo. Desse grupo surgiu o Partido Popular Socialista (PPS).



A morte de Granja foi motivo de lamento e discursos da classe política na Assembleia Legislativa e nas redes sociais. 

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