Quarta, 24 Abril 2024

Hartung já faz parte do bloco de Huck para tocar a oposição a Bolsonaro 

Hartung já faz parte do bloco de Huck para tocar a oposição a Bolsonaro 

O governador Paulo Hartung está na linha de frente do bloco de oposição ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), como integrante do grupo liderado pelo apresentador de TV Luciano Huck, que se organiza nacionalmente por meio do RenovaBR, visando a sucessão presidencial em 2022, na qual Hartung espera ter papel preponderante.  


Criado em 2017 pelo empresário Eduardo Mufarej, presidente da Somos Educação e sócio da Tarpon Investimentos, o instituto visa a promoção de “uma nova política”, com o fortalecimento do conceito de Estado mínimo e ampliação da tomada de decisões pelo mercado. 


A saída do governador Paulo Hartung do MDB, depois de 13 anos de filiação, anunciada nessa quarta-feira (7), coloca a descoberta uma tendência anunciada em abril deste ano, durante o lançamento em Vitória do instituto RenovaBR. 


Sem muitas opções partidárias, Hartung se aproxima da Rede do prefeito Audifax Barcelos, da Serra, sigla que se alinha com os objetivos do RenovaBR e tem inclusive um de seus membros como bolsista do instituto, Gustavo De Biase, em cursos de formação de novas lideranças políticas dos quais Hartung deve ser um dos instrutores. Outro bolsista capixaba ligado ao governador foi o atual chefe de gabinete, Octaciano Neto, sinalizado como deputado federal eleito, que desistiu da disputa, apesar de contar com o apoio do governo.   


Uma das iniciativas do RenovaBR, que se somam a ações idênticas de outros setores corporativos empresariais, com total apoio da imprensa nacional, visa desacreditar a classe política como um todo, passando a generalizar a marca de ineficiência e de corrupção na gestão pública e valorizando o gerenciamento empresarial e a bandeira da honestidade. 


Na época das pré-candidaturas presidenciais, divulgou-e que o Renova-BR estava por trás da candidatura a presidente da República de Luciano Huck, com Hartung cotado para ser vice. Esse projeto foi abortada no nascedouro, por meio de pressões de figuras conhecidas do meio empresarial e financeiro, entre eles o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e os empresários Abílio Diniz e Eduardo Mufarej, mas, no entanto, não foi descartado.  


O adiamento da entrada de Luciano Huck na disputa presidencial, segundo ele mesmo anunciou, obedece a um planejamento estratégico visando às eleições de 2022, a fim de escapar do quadro confuso da sucessão presidencial, antes de as candidaturas serem definidas, o que só ocorreu em julho deste ano.    


O RenovaBR poderia, fora do cenário político majoritário, construir canais para identificar tendências, ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos, e ainda contar com alguns representantes nas assembleias legislativas estaduais e no Congresso Nacional. De fato, dos 120 integrantes do instituto, 16 se elegeram em 7 de outubro, iniciando uma lenta mas efetiva  participação. Entre eles, o capixaba Felipe Rigoni (PSB), uma surpresa no pleito.


Desde o ano passado, face ao desgaste de sua imagem por conta do arrocho fiscal promovido em sua gestão, desconectada dos programas sociais, o governado Paulo Hartung vinha buscando acomodação com vários palanques, principalmente no cenário nacional.


Para isso, vendeu uma imagem de excelência em gestão e liderança de centro, dando ao mercado uma opção que fugisse do extremismo colocado com a possibilidade de embate entre o ex-presidente Lula (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro, então no PSC. 


Valeu-se de estratégias de marketing, com palestras patrocinadas por organismos de centro e direcionadas pelo mercado corporativo, a fim de colocar-se como modelo de gestão, ressaltando os incentivos fiscais para a atração de investimentos. 


Essa política, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos-ES), resultou em 209 acordos, representando uma isenção fiscal de R$ 19,8 bilhões. São valores mantidos numa espécie de caixa preta, o que tem merecido questionamentos de parlamentares como o deputado Sergio Majeski (PSB), um dos poucos opositores na Assembleia Legislativa. 


Com a ampliação da chamada política de mercado, o papel do Estado como condutor da economia será drasticamente reduzido, provocando perdas à população, principalmente na área social. O programa do RenovaBR se ajusta perfeitamente à gestão do governador Paulo Hartung, excessivamente ligado às corporações, dentro de uma visão neoliberal em detrimento dos avanços sociais. 

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/