Pedra cantada

Se tem um voto que não surpreendeu nesta terça-feira (13), no Tribunal de Contas (TCE), no julgamento da representação da equipe de transição do governador eleito, Renato Casagrande (PSB), contra os convênios em cota única firmados com prefeituras no apagar das luzes da gestão de Paulo Hartung, foi o do ex-deputado estadual Rodrigo Coelho. O mais novo conselheiro da Corte, alçado à cadeira em agosto por Hartung, quando ocupava a liderança do Governo na Assembleia Legislativa, fez sua estreia numa votação política cumprindo as apostas do mercado, de que foi escalado para defender os interesses de Hartung não só agora, mas, principalmente, após encerrar seu terceiro mandato, no final deste ano. Apesar da escolha de cartas marcadas e da conclusão do processo em ritmo mais do que acelerado, que se contrapôs na ocasião ao movimento em defesa das indicações técnicas para o Tribunal, Coelho até tentou convencer, sem sucesso, de que não cumpriria esse papel, e sim atuaria em defesa dos interesses públicos. Assunto polêmico e controvérsias à parte, no primeiro teste, o novato saiu-se exatamente como a encomenda.

Apertado

A votação, que já tinha decisão pela suspensão dos convênios do conselheiro Sérgio Borges, delimitou bem o território da Corte de Contas. Borges e Rodrigo Chamoun acataram as alegações da equipe de Casagrande, enquanto Coelho e Márcia Jacoud as de Hartung. Domingos Taufner, que exercia a presidência, precisou desempatar, provavelmente, a contragosto, ficando do lado do próximo governador.

Garantia

Por essas e outras que Hartung tanto fez, e ainda faz, para colocar outro aliado no TCE, na vaga do conselheiro afastado e em prisão domiciliar, Valci Ferreira. O nome da vez seria do deputado estadual Marcelo Santos (PDT), que também exerce a liderança do governo neste período de transição. Ainda há tempo?

Escancarado

Argumentos técnicos para convênio em cota única ou parcelado, o fato é que Hartung protagoniza uma farra no apagar das luzes cada vez mais difícil de defender. Desta forma, além de tentar sair do Palácio Anchieta “melhor na foto”, cria uma saia justa para Casagrande em suas relações futuras, como as dos prefeitos beneficiados.

Manobra

A propósito, o deputado estadual Euclério Sampaio (SD) comunicou em plenário nesta terça que acionou o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal em Brasília contra o que chamou de “manobra do TCE” que beneficiou a empresa Concremat, do Programa Águas e Paisagens. A medida que suspendeu o projeto por suspeitas de corrupção foi derrubada, segundo ele, na “calada da noite” e por ingerência de Hartung.

Figuração

Tudo bem que Casagrande avisou, desde o começo, que ignoraria a movimentação da Associação dos Procuradores do Estado do Espírito Santo (Apes) para a lista tríplice com as indicações da categoria para o novo procurador-geral, que é cargo de confiança. Mas custava ter avisado aos diretores da entidade que já tinha o anúncio do nome na ponta da língua?

Figuração II

O governador eleito, depois de muita reivindicação, se reuniu nesta terça com o presidente da Apes, Leonardo Pastore, e a vice, Patricia Viana David. Eles reforçaram a importância da medida, já adotada em outros estados, e relataram que “Casagrande não se comprometeu a adotar a indicação, mas também não descartou o amadurecimento do tema”.  Horas depois, o anúncio em coletiva: Rodrigo de Paula é o escolhido.

Figuração III

A lista tríplice da categoria indicou para o cargo, nesta ordem: Luiz Colnago Neto, Arlette Uliana e José Fernando Vescovi. Nos bastidores, dizem que Rodrigo de Paula deverá encontrar resistência interna. Ele já foi sócio de Rodrigo Júdice, que ocupou o mesmo cargo em gestão anterior de Casagrande, assumindo depois a secretaria de Meio Ambiente, já no terceiro mandato de Hartung.

Diálogo

Diante do anúncio, restou à entidade emitir outra nota, em que “renova as esperanças de que as competências do nosso colega facilitarão um frutífero e permanente diálogo com o governo do Estado visando o avanço institucional da Procuradoria-Geral do Estado”. 

Novidades

Por falar nisso, Casagrande finalmente inovou em relação ao secretariado. Depois de nomes já batidos, chamaram atenção as indicações de Vitor de Angelo para a pasta de Educação e Roberto Sá para a Segurança. Mais novidades pela frente?

Agora vai

Está marcada para a próxima segunda-feira (12), na Câmara de Vila Velha, a votação do projeto do prefeito Max Filho (PSDB) do pedido de empréstimo ao Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), no valor de R$ 130 milhões, para obras em bairros do município. Depois de muita polêmica, tudo indica, será o capítulo final. 

PENSAMENTO:

“A voz da razão é baixa, mas, persistente”. Sigmund Freud