Sexta, 19 Abril 2024

Saúde pública dos atingidos não possui qualquer ação estruturante em andamento

Saúde pública dos atingidos não possui qualquer ação estruturante em andamento

Nenhum município capixaba conseguiu elaborar seu plano de ação voltado para a saúde púbica das comunidades e pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco/Vale-BHP, ocorrida em 2015.



Os planos são necessários para que, ao serem validados pelo Comitê Interfederativo (CIF) – instância presidida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que fiscaliza a execução dos programas de compensação e reparação dos danos advindos do crime – e sua Câmara Técnica de Saúde, sejam implementados pela Fundação Renova.



“A partir do sistema CIF, o município vai ter mais recursos pra fortalecer o sistema básico de saúde e atender melhor os atingidos”, explica o defensor público estadual Rafael Portella. Mas, infelizmente, informa o defensor, “nós não temos notícias sobre medidas concretas relacionadas ao plano de saúde sendo aplicados no Espírito Santo”, “sobretudo de medidas que visem fortalecer o Sistema Único de Saúde, a rede básica de atuação de cada município”.



Em Minas Gerais, o cenário não diferente, conta Rafael Portella, pois apenas Barra Longa e Mariana aprovaram seus planos, sendo que em Mariana a aprovação foi por via judicial.



120 dias



A Defensoria Pública do Estado (DPES) é uma das instituições de Justiça que atuam na defesa dos direitos dos atingidos no Espírito Santo, ao lado da Defensoria Pública da União (DPU) e dos Ministérios Públicos Estadual e Federal (MPE-ES e MPF-ES).



Nessa quinta-feira (8), as instituições divulgaram a Recomendação Conjunta feita a cinco municípios capixabas – Aracruz, Colatina, Fundão, Marilândia e Serra – para que elaborem seus planos dentro de 120 dias, sendo que nos próximos trinta dias, devem informar aos ministérios e defensorias públicas quais medidas estão sendo tomadas.



Os planos devem ser feitos com efetiva participação das comunidades atingidas pelo crime e precisam partir de um diagnóstico da situação atual das comunidades atingidas e do sistema de saúde, explica Rafael. Eles devem “elencar os vetores de prioridade, as formas de fazer e os prazos de conclusão” das ações necessárias para o atendimento dos atingidos.



Os planos deverão contemplar a atenção primária à saúde; saúde mental; atenção especializada; urgência e emergência; sistema de informação; vigilância em saúde; assistência farmacêutica; e apoio diagnóstico e terapêutico, atentando-se para as peculiaridades de cada município e à necessidade de atendimento específico a grupos especialmente vulneráveis, como mulheres, deficientes, idosos, índios, quilombolas, entre outros.



Cenário drástico



Existem apenas estudos em andamento sobre um diagnóstico de contaminação humana que começou em Linhares, diz o defensor estadual. “O cenário fica ainda mais drástico”, afirma, pelo fato de que muitos municípios sequer foram reconhecidos pela Fundação Renova, como Anchieta.



“Anchieta é um município que nem foi reconhecido ainda e tem relatado para o poder público e para as instituições de justiça problemas crônicos de depressão de sua população decorrente do fechamento da empresa Samarco e da situação de ócio que muitas pessoas estão lá em virtude da inexistência de emprego”, declara Rafael Portella.



Os demais municípios do Espírito Santo atingidos pelo crime da Samarco – Linhares, Conceição da Barra, Anchieta, São Mateus e Sooretama – assinaram um Termo de Compromisso para instituir seus planos de ação.



TTAC



O Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) prevê o Programa de Apoio à Saúde Física e Mental da População Impactada (PASFMPI), determinando diversas obrigações às empresas e à Fundação Renova para monitoramento, suporte e ações para a proteção das comunidades expostas às consequências do crime ambiental da Samarco.



Além de identificar e reunir informações e demandas em decorrência dos riscos e impactos advindos do rompimento da Barragem de Fundão, para que a Fundação Renova possa apoiar e fortalecer as redes de saúde, a elaboração dos planos também tem como objetivo a estruturação dos municípios, para que possam levantar dados, qualificando posterior busca pelo ressarcimento dos prejuízos ocorridos na saúde municipal.

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