Sexta, 19 Abril 2024

Sindifisco reforça que afastamentos de auditores da Receita foram arbitrários

Sindifisco reforça que afastamentos de auditores da Receita foram arbitrários

“Não há nenhuma irregularidade nos trabalhos desenvolvidos pelos auditores, sendo notório o caráter arbitrário do afastamento de ambos”, reforçou o Sindifisco nacional ao se referir ao afastamento dos auditores fiscais da Receita Federal Luciano Francisco Castro e Wilson Nelson da Silva. 



Os dois estão afastados desde o último dia 1º, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e foram ouvidos nesta quinta-feira (15) na Justiça Federal em Vitória, pelo desembargador federal instrutor do inquérito nº 4.781/19 aberto no STF. 



Os auditores fiscais capixabas são integrantes da equipe especial da Receita Federal constituída para combate a fraudes fiscais. O inquérito também suspendeu a fiscalização de 133 agentes públicos e pessoas a eles relacionadas. 



Os casos de investigações citados na imprensa nacional envolvem o ministro do STF, Gilmar Mendes, que foi intimado a comprovar despesas médicas, e um comércio de um irmão do presidente Jair Bolsonaro, no interior de São Paulo. O presidente chegou a afirmar que sua família é perseguida. 



“A decisão do STF e o pedido do TCU criam um grupo de contribuintes intocáveis, a quem não se pode investigar. Para a Receita CPF não tem foto. A lei é para todos", defendeu Kleber Cabral, presidente do Sindifisco Nacional.



Para a defesa de Luciano Castro e Wilson da Silva, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) designou recentemente o escritório do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, representado na audiência em Vitória por Igor Vasconcelos e o escritório de Ricardo Dantas Escobar, além do advogado próprio do sindicato, Pedro Sena Neto, que já acompanha o caso dos servidores na esfera administrativa.



Nessa quarta-feira (14), em cumprimento à decisão de Alexandre de Moraes, eles entregaram identidade funcional, notebook e token na unidade em que estão lotados, em Vitória, recebendo solidariedade e manifestações de apoio de outros auditores que ali trabalham. 



O Sindifisco criticou a atitude do STF, que, “além de afastar dois profissionais exemplares de suas atividades, suspendeu mais de uma centena de procedimentos de fiscalização relacionados a grandes autoridades - o que vem provocando considerável mal-estar social e aprofundando a desconfiança nas instituições brasileiras”. 



Na terça-feira (6), o presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, e o diretor de Assuntos Parlamentares, George Alex, estiveram no gabinete do senador Marcos Do Val (Podemos), em Brasília. Os dois auditores afastados das atividades e a vice-presidente da Delegacia Sindical (DS) Espírito Santo, Sther Lúcia Coser Nemer, também participaram do encontro.



Eles explicaram que a atuação da Receita Federal adotou critérios técnicos, objetivos e impessoais, inclusive em observância às recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), relacionadas à Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) contra corrupção, que preveem uma maior vigilância do Fisco sobre autoridades públicas.



 “O clima continua sendo de perplexidade e comoção, porque a insegurança jurídica passou a rondar o dia a dia dos auditores fiscais, que temem retaliações caso processos vinculados a determinadas personalidades da República venham a cair em suas mãos”. 



Kleber Cabral argumenta, ainda, que "o afastamento dos auditores foi injusto e sem fundamentação. De acordo com o relatório da Corregedoria da Receita Federal, o vazamento partiu de documento impresso por outro contribuinte. Está registrado nos sistemas da Receita quem fez a impressão da informação. Não houve dolo por parte dos auditores".



O Sindifisco decidiu também elaborar representação a algumas organizações multilaterais, com o objetivo de solicitar avaliação de observadores internacionais sobre o processo em curso no Brasil, na contramão de tratados firmados contra a lavagem de dinheiro e a corrupção. 

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