Quinta, 28 Março 2024

Só nas entrelinhas

Só nas entrelinhas


O longo discurso do presidente da Assembleia na sessão desta terça-feira (10), após um “mergulho profundo” em decorrência do desgaste ocasionado pela antecipação da eleição da Mesa Diretora, se valeu de estratégia já utilizada: citação de pensadores, exploração das eleições de 2020, prestação de contas e mensagens nas entrelinhas. A diferença gritante é o cenário, que nunca esteve tão desfavorável para ele, como agora. Com críticas contundentes e ações judiciais vindas de diferentes áreas, sobrou jogo de palavras e faltaram explicações, de fato. Não só sobre a eleição, apontada como irregular e inconstitucional, mas também em relação ao vídeo divulgado por Erick logo depois, em tom claro de promoção pessoal. Focado em tirar o peso das costas a qualquer custo, o presidente da Assembleia tentou colocar todo mundo no pacote do “jogo sujo e pesado”, da “velha política” e do oportunismo. Mas não teve disposição de citar nomes, pelo contrário, se colocou acima de qualquer ruído interno, apontando cada deputado como peça essencial da Assembleia, até mesmo aquele que se encaixaria de imediato no discurso, como Fabrício Gandini, que assina ação contra a eleição, bem como o seu partido Cidadania, além de ser adversário em potencial do grupo de Erick na disputa de Vitória do próximo ano, que tem o deputado federal Amaro Neto como trunfo. Fora ele, vale relembrar os demais personagens: os também deputados Dary Pagung e Sergio Majeski, do PSB, Iriny Lopes (PT) e Luciano Machado (PV); o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), José Carlos Rizk; o advogado André Moreira (Psol); e as entidades da sociedade civil Arquidiocese de Vitória, Dioceses de Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e Colatina, Transparência Capixaba e Fórum de Igrejas e Sociedade em Ação. Todos com medidas contrárias à manobra de Erick para se perpetuar no poder. Quem seria, então, “muita gente da política eleitoreira de 2020” a quem Erick se referiu, no esforço para limpar sua barra?


Passou batido

Além de Gandini, dos outros quatro deputados citados e que são autores de um mandado de segurança pedindo anulação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitiu a antecipação da eleição, só Majeski não foi citado durante o discurso de Erick. Ele fez questão de falar nome por nome.


Para bom entendedor...

No caso de Dary Pagung, também tem detalhe a mais. Quando a PEC ainda estava em articulação, o vice-líder do governo já disparou contra Erick, remetendo a estratégia ao período da Era Gratz, o que fez eco nos últimos dias. Ao mesmo tempo em que citou Dary nesta terça, Erick atacou a comparação...


Para bom entendedor II...

Palavras dele: “indevida, injusta e perversa. Uma narrativa rasteira de quem usa a política diuturnamente como palanque eleitoral e dela se retroalimenta, sem qualquer preocupação com a importante transformação social que ela pode realizar”.


Lá e cá

Mesma coisa foi feita em relação ao governo. Erick, em certo momento, se dirigiu diretamente a Renato Casagrande para dizer que a Assembleia não faltou à atual gestão estadual e deu sua palavra de estabilização política. Mas também não deixou de defender o ex-líder, Enivaldo dos Anjos (PSD), que “não merece essa execração pública de forma covarde e traiçoeira”. Ele foi substituído por Freitas (PSB) após a PEC e saiu chutando canela dos principais aliados do governador.


Não convenceu

A destinação de R$ 273,4 mil do caixa da Assembleia para a União Nacional dos Legisladores e Legislativos (Unale), uma entidade privada, também entrou na lista de pontos que Erick tentou rebater e que agravam a crise que caiu no seu colo. O argumento: as 27 casas legislativas do País fazem o mesmo e a Unale “nos representa em interesses nacionais”.


Endereço certo

Erick resolveu usar como exemplo a Associação dos Municípios do Estado (Amunes), que recebe contribuições de todas as prefeituras capixabas e, não à toa, citou os números da prefeitura de Vitória, liderada por Luciano Rezende (Cidadania), que está no campo de embate junto com Gandini nas eleições de 2020. Somente este ano, afirmou o presidente, repassou mais de R$ 300 mil para a Amunes e outros R$ 600 mil para a Federação Nacional dos Prefeitos. 


Providências

Antes da sessão, o dinheiro à Unale já tinha gerado nova reação de Majeski. Ele requereu ao presidente Erick Musso que suspenda os pagamentos, válidos por dois anos, e apresentou, nesta terça-feira (10), projeto para revogar a resolução que autoriza os repasses. De 2014 a 2018, a  Unale já havia recebido mais de R$ 921 mil do legislativo estadual. Que foram parar, sabe-se lá onde!



Novo abrigo

O vice-prefeito de Vila Velha, Jorge Carreta, comunicou nesta terça-feira sua saída do Avante. Agradeceu “a jornada” e o empenho nas eleições de 2018, quando obteve 28 mil votos a deputado federal, e garantiu que continuará contribuindo com o crescimento e estruturação do partido. Carreta vai para o PP, do secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Marcus Vicente.


Novo abrigo II

A mudança ocorre em meio às articulações do prefeito Max Filho (PSDB), candidato à reeleição, e que tem se movimentado para agregar um leque de partidos em torno do seu palanque. O PP, como se sabe, é aliado fiel de Casagrande. Tempo atrás, o PSB considerou a possibilidade de indicar a vice na chapa de Max.


PENSAMENTO:

“Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram”. Voltaire

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