Quinta, 28 Março 2024

Viviane Mosé inicia em Vitória turnê de bate-papo e autógrafo sobre seus livros

Viviane Mosé inicia em Vitória turnê de bate-papo e autógrafo sobre seus livros

Fotos: Arquivo pessoal



Começa no coração do centro histórico de Vitória, nesta segunda-feira (8), a turnê internacional de bate-papos e autógrafos que Viviane Mosé fará a partir deste mês de julho. Depois da capital capixaba,já estão agendados São Paulo e Portugal.



Em sua cidade natal, a poeta, filósofa, psicóloga, psicanalista e especialista em elaboração e implementação de políticas públicas receberá seus conterrâneos no Trapiche Gamão, na Rua Gama Rosa, Centro de Vitória, a partir das 18h.



Em destaque, o mais novo lançamento: A Espécie Que Sabe, uma reedição do original O Homem Que Sabe, substituindo, inclusive no título da obra, todas as palavras “homem”, sempre que aparecerem remetendo à espécie, por “espécie humana”.



“Não queremos mais que o poder masculino, que guiou os séculos até esta exaustão contemporânea, se perpetue na linguagem. A palavra homem não pode substituir a palavra humano ou humanidade, sustentando a exclusão do feminino”, afirma nas primeiras páginas do livro.







A mudança das palavras é um reconhecimento das conquistas do movimento feminista. “Hoje nós temos um movimento de mulheres que de fato tira as mulheres da condição de passividade em que elas viveram. Em decorrência de um movimento objetivo e concreto em que as mulheres de fato não estão mais submissas aos homens, aí eu me propus a mudar o título e chamar A Espécie que sabe”, explica, em entrevista exclusiva a Século Diário, após uma rápida passagem pelo Caparaó, região que, mesmo sendo capixaba, só foi conhecer agora, e que a encantou, pelo senso de pertencimento dos moradores com o lugar belas paisagens naturais.



Vazamentos



A linguagem, enfatiza a escritora, é um instrumento de controle e, na atual sociedade da informação, onde protagonizam as guerras pela informação, “quem tem a informação e consegue explicita-la da melhor maneira, ganha. Essa é a nossa realidade”, afirma.



Um exemplo de mau uso da informação são as manipulações políticas eleitoreiras, que levaram ao poder Jair Bolsonaro no Brasil e Donald Trump nos Estados Unidos e que têm colocado o Judiciário como o principal regente do poder no País.



O atual vazamento, pelo jornal The Intercept, das conversas mantidas entre o juiz Sergio Moro e os procuradores integrantes da Operação Lava Jato, explicitam essa triste situação que oprime a liberdade e a democracia, opina a filósofa. “É tão ilegal entrar nessas mensagens [a divulgação das mensagens privadas da Lava Jato] como é ilegal fazer aquela campanha [utilização do WhatsApp por Bolsonaro em sua campanha presidencial]”, avalia a poeta, que também é consultora de vários Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e, em 2018, alertou sobre o possível uso indevido das redes sociais.



“Se tudo seguir no rumo que está, o Sergio Moro vai ser preso, porque ele está cometendo vários crimes que podem leva-lo à cadeia. Então imagina se de fato essas mensagens forem consideradas idôneas e corretas, não apenas o presidente Lula com certeza será solto, como o Sergio Moro será preso”, pondera.



É possível ainda, prossegue, “que esses vazamentos mostrem a manipulação da eleição e podem inclusive tirar o presidente por impeachment. A guerra da informação deixa claro que não tem ninguém debaixo dos panos hoje mais, tudo está explícito. Há ainda muita água pra correr”, observa.



Submissão à natureza



Do feminismo à guerra da informação e à política e, então, para a busca da felicidade por meio do resgate do que é realmente essencial para a vida. Em outro trecho de A espécie que sabe, Viviane Mosé mostra a importância vital da arte e da natureza para vencer as intempéries da vida e resgatar o que há de mais humano na humanidade.  “Em vez de negar o sofrimento constitutivo de tudo o que existe, a cultura pode se dedicar a fortalecer o ser humano, tornando-o capaz de enfrentá-lo".







Podemos vencer a dor sentindo-a plenamente, utilizando como estimulante a arte, especialmente a música, o pensamento afirmativo, a contemplação da natureza, o corpo. O ser humano pode utilizar a dor como impulso para a vida, mas para isso precisa ter coragem de admitir seu vínculo e sua submissão à natureza”, ensina.



E como nos submeter à natureza para alcançar essa conexão com o humano e a felicidade? Primeiramente, “a vida precisa ser resgatada”, enuncia, pois “vivemos um período em que a vida não tem valor”. “Nós esquecemos que somos mortais, que um dia nascemos e um dia morreremos, e fazemos questão de esquecer isso comprando roupas em shoppings, nos deliciando ironizando os outros na rede social. Mas na verdade a vida não é isso. A vida é algo que pulsa no seu corpo e quem em algum momento vai parar”, adverte.



“Quem é você no mundo?”, provoca. “Ou a gente se volta pra isso, que é uma questão existencial fundamental, ou nós seremos dominados e manipulados pela bolha social que no fundo se reduz a um grande mercado, a uma grande máquina de consumo, que transforma todos os afetos e todas as trocas em produto, infelizmente”, constata.



Se submeter à natureza, orienta, “é ser capaz de estar sozinho, no silêncio, e ouvir os impulsos do seu próprio corpo”. Se submeter à natureza, continua, “é ouvir a si mesmo, não seu ego ou a sua cabeça, mas aquilo que pulsa no seu coração, que vibra na sua alma, no seu espírito”, poetiza.



Serviço:

Bate-papo e sessão de autógrafos com Viviane Mosé


Quando: segunda-feira, 8 de julho, às 18h

Onde: Trapiche Gamão, na Rua Gama Rosa, 236, Centro Histórico de Vitória

Organização: Editora Vozes, Trapiche Gamão e Cousa.

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Sexta, 29 Março 2024

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