sexta-feira, dezembro 27, 2024
25.5 C
Vitória
sexta-feira, dezembro 27, 2024
sexta-feira, dezembro 27, 2024

Leia Também:

Um pouquinho de Brasil no Mucane

O Amapá, o Rio Grande do Sul, a Bahia, o Pará, e, claro, o Espírito Santo estarão reunidos no Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane), no Centro de Vitória, entre este domingo (10) e o próximo sábado (16). Trata-se do projeto Sonora Brasil Tambores e Batuques, que leva ao espaço manifestações musicais populares dos quatro estados.

 
A raiz das manifestações não é apenas popular. Mais especificamente, todas descendem de uma raiz negra: o projeto tem no tambor e na percussão seu principal recorte. “São manifestações afro-brasileiras fundamentais para a formação da identidade nacional”, analisa Wellington Barros (foto abaixo), coordenador do Mucane. “O tambor é um mesmo instrumento utilizado de múltiplas formas”, continua.
 
O Espírito Santo se apresentará em congo e samba, com a Banda de Congo Mirim da Ilha, composta crianças e jovens da região de São Pedro, integrantes do projeto Congo na Escola, com a bateria da Unidos da Piedade, escola de samba nascida no Centro de Vitória e que completa 60 anos de vida em 2014, e com a tradicionalíssima Banda de Congo da Barra do Jucu, fundada por Honório e devota de São Benedito.
 
“A ideia é fazer intercâmbio com os grupos daqui”, explica o coordenador do Mucane. O objetivo complementar é aprimorar a formação dos grupos e profissionais capixabas, oferecendo-lhes o contato com diferentes manifestações da cultura afro-brasileira. De maneira geral, completa Wellington, o projeto promove a difusão das manifestações afro-brasileiras.
 

A programação do Sonora Brasil Tambores e Batuques mostra como o Brasil é um país arraigadamente negro em suas manifestações culturais. 

 
De um quilombo do Amapá, por exemplo, vem o Raízes do Bolão, que abre o projeto. O grupo apresenta música e dança típicas do estado natal, como o marabaixo e o batuque, manifestações associadas a festividades religiosas e com vínculo a tradições seculares dos quilombos da região. Já do outro extremo geográfico, lá do Rio Grando do Sul, vem o grupo gaúcho Alabê Oni, com repertório baseado em expressões da cultura negra no estado gaúcho.
 
Voltando para o Norte, temos o Pará e o grupo Samba de Cacete da Vacaria (foto capa). Aqui, como a maior parte de seus integrantes vive na zona rural da cidade de Cametá, a música e trabalho aparecem juntos: o samba de cacete é tocado quando a comunidade se junta para preparar o terreno de um membro para o plantio. A Bahia, por sua vez, não ficaria de fora: a tradição do samba rural baiano será representado pelo grupo Raízes de Tocos, formado por lavradores da antiga Fazenda dos Tocos, em Antônio Cardoso, interior do estado. 
 
Fábio Carvalho, presidente do Centro Cultural Caieiras (Cecaes), que desenvolve o projeto Congo na Escola, chama de “vivência sonora e musical” o Sonora Brasil Tambores e Batuques. Para ele, é um oportunidade ímpar colocar a criançada da banda mirim em contato com outras manifestações culturais negras do país. “Eu acho sensacional. Só acrescenta na vida deles. Não só mostramos a nossa cultura como também absorvemos outras identidades e outras culturas do Brasil”, afirma.
 
O Sonora Brasil é um projeto temático do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Sesc) que desenvolve programações identificadas com a história da música no Brasil.

PROGRAMAÇÃO

 
Domingo (10) | 19h 
Grupo Raízes do Bolão, do quilombo do Curiaú (AP) 
 
Segunda-feira (11) | 19h
Banda de Congo Mirim da Ilha, de Vitória (ES)
 
Terça-feira (12) | 19h
Grupo Alabê Oni (RS)
 
Quarta-feira (13) | 19h
Grupo Raízes de Tocos, Antônio Cardoso (BA) 
 
Quinta-feira (14) | 19h 
Banda de Congo da Barra do Jucu (mestre Honório), Vila Velha (ES) 
 
Sexta-feira (15) | 19h
Bateria da Unidos da Piedade, Vitória (ES) 
 
Sábado (16) | 19h
Grupo Samba de Cacete da Vacaria, Cametá (PA) 
 
Serviço
O projeto Sonora Brasil Tambores e Batuques começa neste domingo (10) e segue até sábado (16) no Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane). Avenida República, 121, Centro, Vitória. Entrada gratuita.

Mais Lidas