Cinquenta e sete dos 78 municípios capixabas estão sem registro de óbito há mais de sete dias. Outros 10 devem alcançar essa posição em breve, sendo que Vitória tende a ser o primeiro, entre os mais populosos da região metropolitana, pois registrou óbito pela última vez no dia 29 de setembro. A informação foi transmitida pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva na tarde desta segunda-feira (5) junto com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
Outro anúncio importante foi sobre uma mudança que o governo do Estado fará na Matriz de Risco, estabelecendo medidas qualitativas mais rígidas para municípios de risco moderado, com objetivo de evitar uma segunda onda.
“É possível uma segunda onda. Se houver aumento sustentado do número de casos óbitos e pacientes internadas, é possível reconhecer uma segunda onda”, repetiu Nésio Fernandes, acrescentando que, até o final deste ano, devem ser inaugurados mais 150 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Ainda temos um conjunto grande de inaugurações a serem realizadas para estarmos ainda mais preparados para um possível segundo momento”, alegou.
Por outro lado, o secretário afirmou que apenas 12 municípios conseguiram testar mais de 80% dos contatos intradomicilares de pessoas positivas para a Covid-19, sendo necessário maior dedicação para alcançar essa meta. “Os municípios têm um caminho grande para percorrer para conseguir romper efetivamente a cadeia de transmissão do vírus”, enfatizou.
O aumento da idade média dos pacientes que evoluem a óbito também foi enfatizado pelas autoridades sanitárias. Se no início da pandemia essa média era de 59 a 60 anos, hoje é de 73 anos.
Na média estadual, a queda do número de óbitos na faixa etária superior a 60 anos já é de 5,84%, comparando as semanas epidemiológicas 37 e 39, esta encerrada no dia 26 de setembro. No mesmo período, houve aumento de 21,22% do número de pacientes com menos de 60 anos que morrem de Covid-19. Na Grande Vitória, a queda foi de 20,6% na faixa superior a 60 anos e de 10% na faixa inferior.
“Esse comportamento reflete uma mudança no padrão dos casos positivos que pode ter correspondência com a queda sustentada, mais lenta, do número de pacientes internados e com a queda sustentada dos óbitos, considerando que a Covid-19 tem letalidade reconhecida em pessoas com mais de 60 anos e que apresentem comorbidades descompensadas”, explanou.
O subsecretário de Vigilância em Saúde complementou enfatizando a maior exposição ao vírus feita pelos jovens capixabas nas últimas semanas. “É público e notório que o jovem se expõe mais à doença”, disse.
Apesar da redução do número de óbitos na média estadual e da Grande Vitória, sete municípios registram crescimento da média móvel de 14 dias: Vila Velha, Marataízes, Viana, Ibatiba, Alegre, Itapemirim e Guaçuí.
Efeito feriadão
Ambos os gestores enfatizaram que esses aumentos pontuais na média móvel de óbitos não caracterizam uma maior pressão sobre o sistema de saúde, por isso é possível continuar afirmando que o Estado vive um momento de recuperação da pandemia, apesar de aumentos mais expressivos no número de casos, especialmente na Grande Vitória e alguns municípios turísticos, onde ocorreram muitas aglomerações de pessoas sem máscaras durante o feriadão de sete de setembro.
“Nas cidades onde observamos mais aglomerações [durante o feriadão da independência], houve maior número de casos reconhecidos. Mas nesta terceira semana subsequente ao feriadão, já há sinais de queda”, explanou Reblin.
Os “relatos de aumentos pontuais da pressão assistencial na rede privada nos últimos dias”, ressalvou Nésio Fernandes, que se iniciaram com um aumento da demanda ambulatorial, seguida de maior demanda por leitos de enfermaria, “não representam nova tendência de subida de casos ou óbitos, mas sim uma estabilização ou uma redução da velocidade da queda”.
A relação entre hospitais públicos e privados também sofreu alteração, ao comparar os 100 primeiros óbitos e os 100 últimos. Na primeira fase, 59% dos óbitos ocorriam em hospitais públicos, baixando agora para 48%.
Com relação ao gênero, não houve mudanças, sendo as mulheres o maior contingente de positivos (53%) e os homens o maior percentual de óbitos (56,6%). “A mulher cuida mais da sua saúde, se diagnostica mais e se cuida mais do que o homem”, ponderou Reblin.
Passageiros em pé
Sobre a existência de lotações exageradas nos ônibus, com muitos passageiros ainda circulando em pé, Reblin explicou que o governo do Estado determinou o limite de duas pessoas para cada metro quadrado de coletivo.
“A Associação Brasileira de Normas Técnica, a ABNT, define que os ônibus nos seus projetos básicos de funcionamento podem ter até seis pessoas por metro quadrado viajando em pé. Partindo dessa regra geral, estabelecemos que, para esse momento, duas pessoas por metro quadrado possam permanecer viajando em pé, uma redução de seis para dois”, disse, enfatizando que cabe não só ao governo e às empresas, mas também aos passageiros se educarem e evitarem coletivos com lotação maior que essa.
Comitês escolares
Sobre a segurança mínima para o retorno das aulas seguranças, Nésio e Reblin disseram que o cumprimento dos protocolos deve ser averiguado pelo comitê local de monitoramento, que é responsável por aplicar o plano de enfrentamento da pandemia, que cada escola deve elaborar.
“O comitê é peça-chave pra definir o funcionamento da instituição. Não chegando a um consenso de que a instituição tem condição de funcionar, as aulas não serão autorizadas”, disse Reblin, lembrando que “os comitês se assemelham muito ao conselho escolar, com representantes dos professores, da direção, dos estudantes e dos familiares dos estudantes, tendo, também a participação da vigilância sanitária e o Ministério Público”.