terça-feira, novembro 26, 2024
20.9 C
Vitória
terça-feira, novembro 26, 2024
terça-feira, novembro 26, 2024

Leia Também:

A longa espera da saúde pública vira filme

A espera por atendimento na fila dos hospitais pode ser algo cansativo e entediante. Mas essa angústia se amplia muito mais para pessoas que vivem nos interiores e precisam viajar para consultas, exames ou cirurgias. Uma jornada que pode se iniciar numa madrugada e só terminar na noite seguinte. É essa realidade que é apresentada pelo documentário “Os que esperam”, que será lançado sábado (6), às 18h, no Cine Sesc Glória, Centro de Vitória.

Em 19 minutos, as câmeras do curta-metragem acompanham as várias etapas de uma dessas viagens. Uma van que sai diariamente de Águia Branca rumo à Grande Vitória para levar pacientes para atendimentos no Hospital Universitário, Hospital Santa Rita, Hospital Evangélico e outros. 

 

Foto: Divulgação

A estrada de madrugada, a parada no caminho, a chegada no início da manhã e, principalmente, a longa espera de todo um dia, já que os automóveis que os trazem voltam quando termina o atendimento do último paciente do município. Nesse filme sobre saúde, os médicos, enfermeiros, salas de consulta e cirurgia ou corredores internos dos hospitais não aparecem.

O documentário entrevista pacientes e seus acompanhantes de municípios como Pedro Canário, Muniz Freire, Pancas e Afonso Cláudio, que se encontram nos arredores dos hospitais, como também um motorista que traz os moradores de Águia Branca e uma das comerciantes da capital que vende alimentos no entorno, tendo como público principal as pessoas do interior. “Uma coisa que sempre norteou o projeto desde o roteiro é que eu queria que as pessoas falassem, não queria direcionar muito a narrativa para provar algum ponto. O objetivo final é mostrar essa situação que quase nunca foi abordada pelo cinema”, diz PH Martins, diretor da obra.

Essa pretensão, aparentemente despretenciosa é cumprida pelo filme. Para o produtor William Loyola, a grande intenção do documentário é mostrar essa realidade que passa invisível para muitas pessoas, especialmente aquelas que vivem nas grandes cidades não só do Espírito Santo mas de todo o país. “A assistência do Estado se resume ao transporte”, aponta. Muitas vezes as pessoas vindas do interior não têm dinheiro suficiente para se alimentar bem, podem pegar chuva, vento, não tem um lugar para descanso, precisam lidar com o barulho, a poluição e a dificuldade de se locomover numa cidade grande e desconhecida. Tudo isso faz parte da realidade dos que esperam, retratada no documentário.

Foto: Divulgação

Tanto William como PH e outros membros da equipe nasceram no interior e puderam pegar carona nesses carros, algo relativamente comum para universitários quando há vagas sobrando. “Queremos levar o olhar do cinema para o interior, mostrar certa realidades de lá que são pouquíssimo faladas”, diz PH, que está terminando sua graduação em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O que se iniciou como trabalho acadêmico pôde ser concluído com apoio de recursos públicos por meio de edital do Funcultura.

A mistura entre profissionais experientes no mercado e jovens em início de carreira – que tem mostrado o potencial da nova geração do cinema capixaba, a primeira com formação acadêmica local na área – é uma das marcas da Banana Produções, que encerra com “Os que esperam” uma espécie de trilogia de documentários com temas sociais no Espírito Santo, junto a Refúgio e Riscadas, abordando assim saúde, migração e empoderamento feminino. As três obras foram selecionadas e serão exibidas no Festival de Cinema de Vitória em setembro.

AGENDA CULTURAL

Pré-estreia curta-metragem “Os que esperam”

Quando: Sábado (06/07), 18h

Onde: Cine Sesc Glória –  Avenida Jerônimo Monteiro, 428 – Centro de Vitória/ES

Entrada Gratuita

 

Mais Lidas