Instituto que está à frente do Hospital Menino Jesus afirma que prefeitura não pagou parcela de novembro
Em um ofício encaminhado à Câmara Municipal na última sexta-feira (24), o diretor administrativo do Hospital, Jeffersson Guisso Neves, demonstra, por meio de uma tabela, que os atrasos nos repasses são uma constante por parte da gestão do prefeito Doutor Antônio (PP) desde o início da contratação, em fevereiro deste ano – a média de atraso é de 40 dias. O contrato prevê 12 parcelas mensais de cerca de R$ 2 milhões, num total de pouco mais de R$ 25 milhões.
“Ressaltamos nossa preocupação, pois os constantes atrasos nos repasses comprometem diretamente o pagamento dos médicos, 13º dos funcionários e demais salários de fornecedores, podendo resultar em desabastecimento no hospital, impactando negativamente na qualidade dos serviços prestados à comunidade”, relata no documento.
Além do atraso nos pagamentos, há incertezas sobre o futuro da própria administração do hospital. Em 13 de novembro último, o Instituto Vida Salus foi notificado pela secretária municipal de Saúde, Rafaela Abdon, de um processo de investigação de supostas irregularidades no fornecimento do serviço, que poderia resultar na rescisão do contrato. No documento a que Século Diário teve acesso, porém, não são apontadas quais seriam essas irregularidades.
Segundo fontes ligadas ao Hospital Menino Jesus, funcionários entraram em desespero ao tomarem conhecimento da possibilidade de rescisão de contrato com a empresa que administra a instituição, e muitos temem serem demitidos sem receber os valores a quem têm direito. Médicos também estariam recusando a realização de alguns procedimentos por conta dos atrasos nos pagamentos.
Até 31 de dezembro do ano passado, o Hospital Materno Infantil Menino Jesus era administrado pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, em um contrato iniciado em 2020, quando o prefeito de Itapemirim ainda era Thiago Peçanha (PSD). A decisão pela não renovação da contratação partiu da gestão de Doutor Antônio.
O Instituto Vida Salus já atuava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas o hospital ficou durante o mês de janeiro sob a administração da própria Prefeitura de Itapemirim – que, segundo fontes que atuam no Menino Jesus, até hoje não quitou seus débitos com ex-funcionários da unidade hospitalar, apesar do discurso oficial em contrário.
Em fevereiro, a Prefeitura de Itapemirim comemorou a troca na administração, argumentando que haveria economia de quase R$ 3 milhões com o novo contrato e a oferta de mais serviços por parte do Instituto Vida Saluz.
Na semana que vem, Jeffersson Guisso Neves estará presente na sessão ordinária da Câmara de Itapemirim para falar sobre os problemas com a administração do hospital.