A vacina da Pfizer para imunizar crianças de seis meses a quatro anos contra a Covid-19 foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nessa sexta-feira (16). Entretanto, não há previsão de quando isso se concretizará, pois cabe ao Ministério da Saúde incorporar a vacina ao plano de imunização e estabelecer um calendário de aplicação.
A epidemiologista e professora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, comemorou a aprovação em suas redes sociais, a qual chamou de “vitória para saúde pública e uma esperança para milhões de famílias”. Em entrevista a Século Diário nesta semana, Ethel demonstrou preocupação com a falta de possibilidade de vacinação para crianças acima de seis meses.
O “Movimento Coronavac 3 a 5 Anos Já” e o “Movimento Vacina Já para Crianças 06 a 3 Anos”, em carta aberta, apontam falhas na vacinação infantil no Brasil. Os grupos alertam que, em julho, a Anvisa autorizou a utilização da CoronaVac para crianças entre 3 e 5 anos, mas a imunização desse grupo ainda é pequena no País.
Os movimentos apontam que a falha na imunização acontece tanto por falta de doses da vacina quanto de campanhas de conscientização e incentivo à vacinação”. No documento, também apontam que se passaram mais de quatro meses que as crianças de 5 a 11 anos receberam a segunda dose. Portanto, está no momento de tomarem a terceira, mas ainda não há autorização do Ministério da Saúde.
Ethel destaca que o Brasil é um dos países com mais mortes de crianças menores de cinco anos por Covid-19 e que a não vacinação infantil “é algo muito grave”. “Temos possibilidade de manutenção da transmissão, da pandemia, além das sequelas da Covid, como a longa, algumas, para sempre”, destaca. Entre as sequelas, informa, as neurológicas, pulmonares, renais ou cardíacas.
“Vamos ter crianças mais adoecidas, o que é ruim do ponto de vista individual e do ponto de vista da saúde pública, com um grupo que vai precisar mais dos serviços de saúde, do nosso SUS”, diz, destacando que, na contramão da possibilidade de aumento da demanda do SUS por causa da ineficiência na vacinação infantil, o Governo Bolsonaro (PL) encaminhou para o Congresso Nacional uma peça orçamentária com corte de mais de 50% na Secretaria de Vigilância em Saúde, onde fica o Plano Nacional de Imunização (PNI).