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Associação inicia consultas com médico especializado em Cannabis medicinal

Sediada no Caparaó, Anna Flor ofertar medicamento feito por destilação molecular a R$ 150/mês

A popularização do uso medicinal da Cannabis (maconha) dá um importante passo no Espírito Santo. Na primeira semana de 2022, a Associação Anna Flor – Pesquisa, Produção e Amparo inicia uma parceria com o médico Adolfo Almeida, o “Dr. Hemp” – uma das referências no país na medicina canábica – para realização de consultas, prescrição e aquisição de medicamentos.

A parceria permitiu chegar a valores mais acessíveis. Enquanto a consulta médica oscila entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil em São Paulo e Rio de Janeiro, no Caparaó, o valor será de R$ 250, com direito a uma revisão ao longo do ano de 2022. “Assim que fizer a consulta, a pessoa pode se associar de graça e ter o produto prescrito pelo médico”, explica o fundador e presidente da Anna Flor, Dhiego Ramos Ferreira.

Quem já se consulta com algum médico especializado – habilitado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para prescrever a chamada “receita azul”, destinada a remédios de tarja preta e à base de canabis – pode apenas se associar para ter acesso ao óleo. Para associados, o acesso ao medicamento prescrito terá um custo mensal de R$ 150.

A ideia é que o Dr. Adolfo Almeida realize uma visita por mês ao Patrimônio da Penha, para atender a novos pacientes e realizar as revisões médicas necessárias com os já consultados. “É muito importante o acompanhamento médico. Cada pessoa tem uma digestão, uma recepção diferente no organismo. É como uma digital. Há pacientes que precisam de apenas uma gota, outros, de dez gotas. É o grande mistério da planta e o grande desafio para os médicos: acertar a dosagem correta para cada pessoa”, expõe Dhiego.

Nesse sentido, a Associação já trabalha para ser a primeira do Brasil a ter um aplicativo integrando os pacientes com o médico. “Diariamente, com apenas 15 segundos de manhã e 15 segundos à noite, a pessoa vai conseguir informar sobre a resposta do seu organismo ao medicamento, deixando o médico totalmente à vontade pra ser mais assertivo na dosagem. Não tem nada próximo a isso no Brasil”, ressalta.

Divulgação

Sediada no Portal do Céu, no Caparaó Capixaba, a Associação Anna Flor produz o óleo canábico pelo processo de destilação molecular, onde é possível separar os elementos a temperaturas mais baixas, reduzindo a dispersão dos mesmos.

São três as variedades trazidas por Dhiego do Canadá, após ter trabalhado durante quatro anos numa empresa multinacional como produtor licenciado. Todas as três possuem elevado percentual de Canabidiol (CBD) e baixo Tetra-hidrocanabinol (THC). Os dois são os canabinoides mais abundantes na planta e possuem ações terapêuticas diferentes, sendo que o THC também é responsável pelo “barato” da maconha.

Dhiego conta que as plantas brasileiras têm em média 5 a 10% de THC e 1% ou menos de CBD. “A genética que estamos trazendo tem 30 CBD para 1 THC”, compara. Mas os medicamentos produzidos pela Associação terão composições variadas, para atender a todas as necessidades. “Temos medicamentos com 50 a 50, para casos extremos, como câncer terminal”, sublinha, citando o caso recente, em que a maconha foi fundamental entre os chamados cuidados paliativos fornecidos a um paciente que faleceu há uma semana, aos 102 anos de idade. “Era meio tio. Ele estava há dez dias sem se alimentar e, com essa dosagem, ele voltou a comer. Estava com o corpo todo enrijecido e a medicação também o ajudou a relaxar”, relata.

Arquivo pessoal

O presidente da Anna flor conta que é na família e na sua própria história de vida que estão a motivação fundamental para sua dedicação à canabis medicinal. No seu caso, o uso visa tratar os efeitos de um estresse pós-traumático vivido na infância, que geraram gastrite e enxaqueca crônicas. Já seu pai utiliza a Canabis numa abordagem de Redução de Danos no contexto de dependência química. No caso de sua filha, a pequena Ana Clara – que dá nome à associação e às variedades de planta utilizadas – o objetivo é controlar as crises de epilepsia. Importando o medicamento, o tratamento dos três custaria cerca de R$ 250 mil por ano. Por meio da Anna Flor, por pouco mais de cinco mil.

Além do Dr. Hemp, a Associação canábica capixaba também tem ações em parceria com universidades federais, como a de Campina Grande (UFCG) e a de Viçosa (UFV). Os projetos para o futuro são muitos, todos com base científica e com a abordagem de Pesquisa, Produção e Amparo, para fazer chegar o tratamento às pessoas menos privilegiadas economicamente.

Agendamento

Nessa primeira semana de consultas no Espírito Santo, serão feitos atendimentos na cidade de Guaçuí nos dias três e quatro de janeiro, com agenda já lotada, e, de cinco a sete, no Centro Cultural Multiverso, na vila do Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, este ainda com algumas vagas.

O agendamento pode ser feito no Instagram (@viva.annaflor), pelo e-mail ([email protected]) e pelo whatsapp (28-99910-3544, com Luiz Diniz, secretário da AnnaFlor).

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