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Atividades que geram aglomeração estão proibidas em todo o Estado

Secretário Nésio afirmou que Mapa de Risco terá mais amarelo e 120 leitos de isolamento foram contratados para manter serviços eletivos

Sesa

O retorno das atividades sociais e econômicas e as aglomerações formadas nas atividades de campanha eleitoral estão provocando uma “quádrupla carga de doenças” a pressionar o sistema de saúde do Espírito Santo. A avaliação foi divulgada pelo secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, em pronunciamento feito na tarde desta quarta-feira (4). 

Em função dessa situação, a Sesa inicia um ajuste na oferta de leitos de isolamento para atender aos pacientes suspeitos de Covid-19, de forma a manter a retomada de serviços e a reversão de leitos voltados ao atendimento de outras doenças. Para tal, estão sendo contratados 120 leitos de isolamento nas redes filantrópica e privada, sendo 60 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 60 de enfermaria.

“Tivemos uma curva de aprendizagem e não pretendemos voltar a suspender consultas médicas na atenção básica, nem consultas especializadas. Entendemos que não há condições epidemiológicas e sociais pra voltar a ter um grau de desmobilização, como foi organizado na primeira onda da doença. Estamos preparando condições para que, não havendo crescimento abrupto de casos graves, seguiremos revertendo leitos para atender outras condições”, expôs.

Outra medida tomada, em conjunto com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) e os órgãos de controle, foi determinar a proibição expressa, em todos os municípios, independentemente da classificação no Mapa de Risco, de atividades de campanha política que levem a aglomerações de pessoas. A proibição vale a partir desta quarta, ampliando a resolução publicada pelo TRE nessa terça-feira (3).

“As atividades de campanha que levem a aglomerações de pessoas estão terminantemente proibidas em todo o território capixaba a partir do dia de hoje. (…) No momento que nós estamos vivendo agora com essa pressão da quádrupla carga de doenças sobre o sistema de saúde, não é possível tolerar qualquer tipo de indisciplina nessa perspectiva. As restrições que se aplicam às atividades coletivas de campanha valem de maneira explícita e clara para municípios em qualquer classificação de risco a partir de hoje”, asseverou Nésio Fernandes.

A respeito da maior pressão sobre a rede de saúde, o secretário relatou que o aumento da ocupação de leitos de enfermaria tem sido registrado desde o dia 14 de outubro. E o aumento da ocupação de leitos de UTI, desde essa segunda-feira (2).

“O Espírito Santo e o Brasil vivem um contexto de quádrupla carga de doenças coexistindo na rede assistencial, tanto na rede pública quanto na rede privada”. No primeiro grupo, elencou o secretário, estão as doenças infecciosas que já eram endêmicas, como a tuberculose, as doenças virais de unidades pediátricas, as doenças nutricionais e metabólicas. No segundo, as de causas externas, como acidentes e violência, que também afligem o sistema de saúde. A pandemia de Covid-19 compõe um terceiro tipo de pressão; e no quarto grupo, as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

Atualmente, disse, há “um aumento das doenças respiratórias por outros vírus em idades pediátrica e adulta”, devendo ser garantido também o acesso desses pacientes aos serviços de saúde. O secretário defendeu, no entanto, que é preciso manter o isolamento dos pacientes suspeitos de Covid-19, como tem sido feito desde o início da pandemia, por meio da criação de 248 leitos de isolamento de UTI exclusivos para os suspeitos de infecção pelo SARS-CoV-2, até a confirmação diagnóstica, que tem se dado no prazo de 48 a 72 horas, quando então, se confirmado, o paciente é internado em uma UTI de coorte, com outros confirmados com a mesma doença. “Com os 248 leitos de isolamento, nós conseguimos não colapsar em nenhum momento”, ressaltou.

Já foram desmobilizados 98 leitos de UTI Covid para atender condições não-Covid, havendo, neste momento, 151 leitos de isolamento em UTI, tendo sido reduzido também o número de leitos de isolamento de enfermaria.

“Ocorre que, neste momento, com o aumento das outras doenças infectocontagiosas e também o aumento da frequência da incidência de pacientes com Covid, estamos tendo que ajustar o tamanho da rede na oferta de leitos de isolamento para o adequado manejo dos pacientes com suspeita de Covid. Nos próximos dias teremos um aumento da oferta de leitos para atender a todos os pacientes suspeitos de doenças respiratórias”, explicou.

Três cenários

A Sesa trabalha com três cenários possíveis para o Espírito Santo nos próximos meses. O primeiro é a continuidade da queda de número de óbitos e de internações de pacientes graves lenta e sustentada nos próximos 60 dias, sendo possível seguir revertendo leitos para outras doenças até o final do ano. No cenário B, há uma estabilidade em torno de 300 pacientes de UTI/dia ao longo desse mesmo período, com variação máxima de 10%. E no cenário C, está a possibilidade de aumento da pressão assistencial para pacientes com Covid-19 e outras doenças respiratórias.

Nésio Fernandes afirmou que a intenção da Sesa é manter o atendimento de todas as condições de saúde, simultaneamente aos casos de Covid-19, mesmo no cenário C, mais grave. “Não pretendemos voltar a suspender serviços eletivos. Ocorrendo o cenário C, estaremos lançando mão dessas expansões [da rede própria, com inauguração de novos leitos] e também contratualização [de leitos hospitalares] na rede filantrópica e privada”.

Outra estratégia para manter os serviços eletivos é reforçar a Agenda de Resposta Rápida, apresentada em maio para as secretarias municipais de Saúde, em que a Atenção Primária, nos municípios, viabiliza “o diagnóstico precoce e isolamento e monitoramento dos contatos dos pacientes positivos”.

‘Seis a oito meses difíceis’

A previsão, alertou Nésio Fernandes, é de que nas próximas semanas a ocupação de leitos de UTI passe de 50%, o que levará muitos municípios a voltarem ao risco moderado, com restrições de algumas atividades econômicas e sociais, em especial no período noturno e de finais de semana. “São medidas que, de fato, reduzem a interação social e diminuem a pressão sobre a rede de serviços de saúde, permitindo que, preservando parcialmente as suas funcionalidades, elas possam coexistir com a atual fase de evolução da pandemia”.

“Trabalhamos com a perspectiva de que temos um caminho de mais seis ou oito meses pela frente de muitas dificuldades e possíveis oscilações no comportamento da pandemia e que a todo momento estaremos atualizando a sociedade das avaliações que o Estado faz e as medidas de ajuste da rede de assistência social”, orientou o secretário, reforçando o pedido para que a população mantenha a disciplina do uso de máscaras, higienização das mãos, etiqueta respiratória e distanciamento social, além de, mediante qualquer sintoma respiratório, procure um serviço de saúde para fazer o teste PCR em tempo real, para identificar se está na fase aguda da doença. “Se der positivo, investigar os familiares é importante para romper a cadeia de transmissão”, reforçou.

“Seguiremos resistindo até a vitória, quando de fato tivermos uma vacina eficaz e segura para toda a população”, invocou, ressalvando, no entanto, que a imunização deve acontecer a partir do primeiro trimestre de 2021 e que somente no segundo semestre grande parte da população estará vacinada. “Até lá, será necessário coexistir com a pandemia com muita adesão social e disciplina com as medidas que são capazes de reduzir o risco e romper a cadeia de transmissão”.

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