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​Barra de São Francisco tem lockdown e toque de recolher até segunda-feira

Decreto municipal suspende qualquer tipo de atividade na cidade e atinge supermercados e farmácias

O prefeito de Barra de São Francisco (noroeste do Estado), Enivaldo dos Anjos (PSD), decretou lockdown com toque de recolher a partir desta quarta-feira (24) para tentar conter o avanço de Covid-19. O toque de recolher vai funcionar das 20 horas às 6 horas, até a próxima segunda-feira (29), quando será feita nova avaliação do quadro. O município é considerado epicentro da variante inglesa chamada de B.1.1.7.

Nesse período, fica suspenso o funcionamento de quaisquer serviços e atividades. Farmácias e supermercados somente poderão funcionar por meio do sistema de entregas (delivery), devendo ser mantidos fechados para acesso do público ao seu interior. A abertura parcial de portas, portões e afins, bem como o atendimento ao público externo no interior, com ou sem horário marcado, e na porta do estabelecimento, estão proibidos.

A limitação de dia de atendimento ao público presencial não se aplica para assistência à saúde, incluindo serviços médicos e hospitalares; serviços públicos considerados essenciais; assistência social e atendimento à população em situação de vulnerabilidade; e serviços funerários.

O Decreto Nº 045-A/2021 declara “Situação de Calamidade e Emergência em Saúde Pública no Município de Barra de São Francisco, em razão da pandemia de Covid-19, e acrescenta medidas qualificadas extraordinárias para seu enfrentamento”. 

“Na consulta que fiz por mensagem, 90% das pessoas apoiaram o endurecimento de medidas, tendo em vista o agravamento da situação no município e a falta de colaboração das pessoas”, disse Enivaldo, que começou a movimentação após receber áudio de um médico da equipe do Hospital Dr Alceu Melgaço Filho pedindo providências ao chefe do Executivo.

“Senhor Prefeito, preciso te passar minha opinião como profissional de saúde: se não tiver um toque de recolher, vai morrer gente na porta do hospital, não é exagero. Estamos com 31 internados e cinco intubados. Se o senhor sair agora na rua, não tem vaga para estacionar, ninguém respeitando o decreto, lojas funcionando de portas fechadas, muito descaso com as vidas, equipe do hospital exausta, médicos chorando porque não têm onde colocar doente”, relatou o médico.

No final de semana, a situação em Barra de São Francisco se agravou ainda mais, como aponta a prefeitura. A Secretaria de Estado de Saúde habilitou dez leitos de UTI para receber pacientes de Covid no Hospital Dr Alceu Melgaço Filho e o próprio secretário municipal da pasta, Gustavo Lacerda, que já foi diretor do hospital, foi ajudar com sua equipe na instalação. Isso, porém, está sendo insuficiente.

Na noite de domingo (21), o médico Leonardo Dornelas gravou um áudio de três minutos relatando a situação dramática no hospital, o que levou o prefeito a enviar uma mensagem por lista de transmissão à população: “Os pacientes não param de chegar, todos com no mínimo 70% de comprometimento do pulmão. Está desesperador, pacientes clamando por ar, e pegando os profissionais pelo braço pedindo socorro. Estamos com muitas dificuldades para ajudar as pessoas, não existem vagas no Estado”.


A variante britânica do novo coronavírus (SARS-CoV-2) chamada de B.1.1.7, está presente no Espírito Santo pelo menos desde novembro de 2020, segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) nessa segunda-feira (22)
. Mais transmissível e letal que as cepas originais, é mais comum entre jovens com até 30 anos de idade, e sua reprodução em solo capixaba dobra a cada quinze dias desde meados de fevereiro de 2021, o que explica, em parte, o fato de o Estado viver o maior dos três picos de crescimento da Covid-19 desde o início da pandemia, há um ano.

A identificação da variante no Estado aconteceu no início deste mês. Em fevereiro, foi publicado um artigo científico sobre o sequenciamento genético de amostras oriundas de dez estados brasileiros, onde foi encontrada a presença da variante B.1.1.7 no município de Barra de São Francisco, no noroeste capixaba. Piúma, no sul do Estado, também é apontado como epicentro no Espírito Santo.

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