terça-feira, novembro 26, 2024
27.1 C
Vitória
terça-feira, novembro 26, 2024
terça-feira, novembro 26, 2024

Leia Também:

Campanha arrecada recursos para reformar consultório odontológico Guarani

Os Guarani de Aracruz, no norte do Espírito Santo, estão com uma campanha para arrecadar recursos destinados à reforma da antiga escola de Boa Esperança, com objetivo de abrigar um consultório odontológico que atenderá a cinco aldeias da Terra Indígena Tupiniquim Guarani.

As doações podem ser feitas na conta da Associação Indígena Tupiniquim Guarani e os comprovantes enviados por email ou telefone. Aceita-se também doação de materiais como cadeiras, mesas e armários. Alguns já foram enviados.

O material odontológico já foi entregue pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), estando parado há cinco anos, e já há uma dentista disponível para os atendimentos, faltando apenas o prédio. As obras também já foram autorizadas pela Sesai em 2013, porém, não aconteceram.

A saúde indígena, bem como a educação especial, são dois direitos constitucionais sistematicamente negados aos povos indígenas do Brasil. E formam um tripé, juntamente com a demarcação das Terras Indígenas (Tis), ponto prioritário que será discutido durante o próximo Acampamento Terra Livre (ATL), que acontece nos dias 23 a 27 de abril, em Brasília.

O cacique de Boa Esperança, Werá Kwaray, o Toninho, conta que o governo federal tem tentado se esvair das suas responsabilidades constitucionais junto aos povos indígenas, na gestão de Michel Temer, tendo sido publicadas inclusive portarias nesse sentido, passando para os estados e municípios a responsabilidade.

Caso isso aconteça, a situação só deve piorar, pois se mesmo com recursos especificamente destinados para isso, as prefeituras e estados não investem, imagina se tiverem de incluir tais obrigações em seus orçamentos.

O hospital público de Aracruz é um exemplo. A sala especial para atendimento dos indígenas, incluindo a liberação para atuação dos pajés, continua sendo negada, bem como alimentação diferenciada, que não desrespeite as tradições culturais.

No posto de saúde da aldeia, o preconceito também violenta as tradições. As enfermeiras, conta o cacique, “não acreditam nos remédios que a gente leva nem nos rituais de cura. Querem só levar pro hospital e dar remédio não-indígena”, diz. “Eu sou liderança, sei o que tem que ser feito. Nós Guarani é que sabemos o que tem ser feito. Isso fere a nossa soberania, a nossa saúde”, reclama.

A escola estadual de ensino médio de Caieiras Velha é outro caso exemplar. Mesmo com todo o material doado pelo governo anterior, de Renato Casagrande (PSB), e a cessão de um prédio pela prefeitura, o governo Paulo Hartung não contratou os profissionais.

Já a demarcação das terras indígenas, no tripé central das pautas do Acampamento, esbarra na tese do Marco Temporal, segundo a qual as terras que foram demarcadas depois da Constituição Federal de 1988 deveriam ser revistas ou anuladas, o que afetaria o território capixaba, demarcado após essa data, reduzindo-as a menos de 10% do tamanho atual.

O momento é especialmente crítico para os Guarani-Kaiowa do Mato Grosso do Sul, cuja liminar de reintegração de posse por pouco foi implementada nesta segunda-feira (9), expulsando os moradores e, possivelmente, provocando grave genocídio étnico.

Serviço:

Doação para reforma do consultório odontológico Guarani em Aracruz

Banestes, Agência: 0165-6, C/C 13 64955-3

CNPJ: 10.300.205/0001-46

Enviar comprovante para [email protected]  ou (27) 99951-4287

Mais Lidas