As doações podem ser feitas na conta da Associação Indígena Tupiniquim Guarani e os comprovantes enviados por email ou telefone. Aceita-se também doação de materiais como cadeiras, mesas e armários. Alguns já foram enviados.
O material odontológico já foi entregue pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), estando parado há cinco anos, e já há uma dentista disponível para os atendimentos, faltando apenas o prédio. As obras também já foram autorizadas pela Sesai em 2013, porém, não aconteceram.
A saúde indígena, bem como a educação especial, são dois direitos constitucionais sistematicamente negados aos povos indígenas do Brasil. E formam um tripé, juntamente com a demarcação das Terras Indígenas (Tis), ponto prioritário que será discutido durante o próximo Acampamento Terra Livre (ATL), que acontece nos dias 23 a 27 de abril, em Brasília.
O cacique de Boa Esperança, Werá Kwaray, o Toninho, conta que o governo federal tem tentado se esvair das suas responsabilidades constitucionais junto aos povos indígenas, na gestão de Michel Temer, tendo sido publicadas inclusive portarias nesse sentido, passando para os estados e municípios a responsabilidade.
Caso isso aconteça, a situação só deve piorar, pois se mesmo com recursos especificamente destinados para isso, as prefeituras e estados não investem, imagina se tiverem de incluir tais obrigações em seus orçamentos.
O hospital público de Aracruz é um exemplo. A sala especial para atendimento dos indígenas, incluindo a liberação para atuação dos pajés, continua sendo negada, bem como alimentação diferenciada, que não desrespeite as tradições culturais.
No posto de saúde da aldeia, o preconceito também violenta as tradições. As enfermeiras, conta o cacique, “não acreditam nos remédios que a gente leva nem nos rituais de cura. Querem só levar pro hospital e dar remédio não-indígena”, diz. “Eu sou liderança, sei o que tem que ser feito. Nós Guarani é que sabemos o que tem ser feito. Isso fere a nossa soberania, a nossa saúde”, reclama.
A escola estadual de ensino médio de Caieiras Velha é outro caso exemplar. Mesmo com todo o material doado pelo governo anterior, de Renato Casagrande (PSB), e a cessão de um prédio pela prefeitura, o governo Paulo Hartung não contratou os profissionais.
Já a demarcação das terras indígenas, no tripé central das pautas do Acampamento, esbarra na tese do Marco Temporal, segundo a qual as terras que foram demarcadas depois da Constituição Federal de 1988 deveriam ser revistas ou anuladas, o que afetaria o território capixaba, demarcado após essa data, reduzindo-as a menos de 10% do tamanho atual.
O momento é especialmente crítico para os Guarani-Kaiowa do Mato Grosso do Sul, cuja liminar de reintegração de posse por pouco foi implementada nesta segunda-feira (9), expulsando os moradores e, possivelmente, provocando grave genocídio étnico.
Serviço:
Doação para reforma do consultório odontológico Guarani em Aracruz
Banestes, Agência: 0165-6, C/C 13 64955-3
CNPJ: 10.300.205/0001-46
Enviar comprovante para [email protected] ou (27) 99951-4287