ES teve a segunda maior taxa de incidência em 2023 e 7,2 mil casos até agosto deste ano
Os registros de sífilis têm crescido a cada ano no Espírito Santo. Entre os últimos cinco anos, 2023 teve o maior índice de casos de transmissão, com 11,5 mil registros da doença. Até agosto de 2024, o Estado registrou 7,2 mil casos de sífilis, um número superior ao total de registros nos anos de 2019, 2020 e 2021. Os dados são da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids e Hepatites Virais (HV) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
A sífilis adquirida, transmitida via sexo anal, vaginal ou oral, alcançou a maior taxa da série histórica em 2023, com 8,1 mil casos registrados nessa categoria. Em 2024, já foram notificados 5,1 mil.
No Brasil, a taxa de detecção de sífilis adquirida foi de 113,8 casos por 100 mil habitantes em 2023. O Espírito Santo apresentou a segunda maior incidência do País, com 187,8 casos por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Santa Catarina, que registrou 233,7 casos por 100 mil habitantes.
A sífilis congênita, transmitida pela mãe para a criança durante a gestação ou o parto, teve 808 notificações no ano passado, quando o Espírito Santo apresentou a maior taxa do país em proporção de bebês que foram infectados com sífilis durante a gestação em comparação ao número total de gestantes que apresentaram a doença, 52,4%, segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde publicado em 2024.
O Estado também registrou um aumento de 24,4% na incidência de sífilis congênita, destacando-se como o sexto estado com o maior crescimento percentual e a quarta maior taxa, com 15,0 casos por 1.000 nascidos vivos. Até agosto deste ano, já foram registrados 442 casos de sífilis congênita no Espírito Santo.
Além disso, o número de casos de sífilis em gestantes também segue em crescimento. Em 2023, foram registrados 2,6 mil casos, e, até agora, em 2024, já são 1,6 mil gestantes diagnosticadas com a doença no Espírito Santo. Os três municípios capixabas com maior incidência da doença em gestantes estão localizados na Grande Vitória, Serra, com 2,2 mil; Vila Velha, com 1,4 mil; e Cariacica, com 1,4 mil. São também as localidades com mais notificações de sífilis congênita, 606 casos em Cariacica; 436 na Serra; e 429 em Vila Velha.
A taxa de detecção da sífilis adquirida apresenta crescimento constante no Espírito Santo e no Brasil, com redução apenas no ano de 2020, que se explica pela dificuldade de acesso dos pacientes aos serviços de saúde, devido à pandemia do Covid-19, levando à subnotificação, conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, que analisou a série histórica de 2010 a 2024.
Apesar do aumento no número de casos, a sífilis é uma IST curável, com sinais e sintomas que variam de acordo com cada estágio da doença. O teste rápido de sífilis e do tipo DUO, que investiga infecção por HIV e sífilis simultaneamente, estão disponíveis nos serviços de saúde do SUS, porém o crescimento dos casos de infecções sexualmente transmissíveis evidencia que a prevenção persiste como um desafio. Usar preservativo nas relações sexuais é um importante método de prevenção, mas pode e deve ser combinado com outros, como a testagem regular para o HIV, outras IST e hepatites virais; tratamento das IST, do HIV/aids e das hepatites virais; vacinação para as hepatites A e B, e HPV; profilaxia pré-exposição (PrEP); e profilaxia pós-exposição (PEP).
A última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, revelou que apenas 22,8% dos brasileiros com 18 anos ou mais utilizaram preservativos em todas as relações sexuais. Com cerca de um milhão de pessoas diagnosticadas com ISTs naquele ano, o Ministério da Saúde destacou a importância da proteção e da conscientização sobre a detecção precoce e do tratamento adequado, a fim de garantir uma saúde sexual mais segura para os brasileiros e reverter essa tendência preocupante. O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, instituído pelo Ministério da Saúde no terceiro sábado de outubro, alerta para as medidas de prevenção da doença e a importância de garantir uma saúde sexual mais segura para todos.
