Alerta foi feito na Assembleia pela pesquisadora capixaba Margareth Dalcomo, da Fiocruz
A médica pneumologista capixaba Margareth Dalcomo, pesquisadora e professora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Osvaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), afirmou que a chegada da cepa indiana do novo coronavírus (SARS-CoV-2) ao Brasil pode gerar o surgimento de uma terceira onda da doença, caso a variante não seja sensível à imunização. Ela fez uma apresentação aos deputados da Comissão de Saúde durante reunião virtual nesta terça-feira (4), sobre os 15 meses de pandemia.
“Estamos num momento muito delicado no Brasil, mais de 90% dos casos hoje identificados são causados pela nova variante chamada P.1”, afirmou, alertando para a necessidade de intensificar as medidas não farmacológicas de prevenção, como distanciamento social, uso de máscara e lavagem das mãos.
Nesse sentido, reconheceu os esforços dos laboratórios para entregar as vacinas com rapidez, referindo-se às seis em uso e as três que estão em vias de aprovação, mas advertiu: “Não teremos vacina para todo mundo em 2021”. A médica fez críticas à condução do governo federal na aquisição dos imunizantes. “Perdemos muito tempo”, lamentou.
Sequelas
A grande incidência de sequelas em pessoas infectadas pela Covid-19 pode representar um novo desafio para a medicina. Por isso, a pneumologista considerou positiva uma indicação feita ao governo do Estado pelo presidente do colegiado, Doutor Hércules (MDB), para criação de um centro para receber esses pacientes.
“Eu considero a sequela, a síndrome pós-Covid-19, hoje o maior desafio da Medicina, quase que uma especialidade que será necessária”, avaliou. De acordo com Margareth Dalcomo, 80% dos pacientes que se curam, mesmo os casos não graves, ficam com pelo menos um sintoma de sequela, como fadiga, dor de cabeça, e perda do paladar ou olfato.
A pneumologista falou que atualmente existem centros de atendimento multidisciplinar em São Paulo, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), e no Rio de Janeiro, na universidade estadual. Esses serviços vão desde reabilitação motora até cardiovascular. “Muitas pessoas não teriam condição de fazer do ponto de vista privado. Então isso precisa ser oferecido pelo SUS”.
Estudo com BCG
Durante a apresentação na Comissão de Saúde, a especialista também explanou sobre um estudo desenvolvido pela Fiocruz que prevê a utilização da vacina BCG – aplicada em recém-nascidos para prevenção da tuberculose – para reduzir efeitos graves da Covid-19 em profissionais da saúde. Ela revelou que 2,5 mil pessoas desse grupo serão acompanhadas durante um ano, com a realização de testes.
Conass