‘Só posso abrir se isolar outros setores’, afirma. ES tem 220 e 14 óbitos em 24h
“A possibilidade de abrir o comércio não pode reduzir o isolamento. Nós só poderemos de fato caminhar para abrir o comércio, se a gente conseguir isolar outros setores da sociedade, se alguma atividade de lazer for paralisada, se as pessoas derem a sua contribuição”.
Os dois recordes negativos registrados nas últimas 24 horas de pandemia de Covid-19 no Espírito Santo fizeram o governador Renato Casagrande (PSB) mudar significativamente o tom do discurso desta terça-feira (28) sobre a possível reabertura do comércio em todo o Estado a partir da próxima segunda (4).
O Painel Covid registrou mais 220 testes positivos e 14 óbitos, subindo para 2.164 o total de casos confirmados até o momento e 77 o de mortes pelo novo coronavírus no Espírito Santo. A letalidade aumentou para 3,56% no Estado e para 6,10% no município da Serra, que se mantém no topo do ranking da taxa de mortalidade entre os municípios mais populosos da Grande Vitória e com o maior número absoluto de óbitos.
Talvez sob impacto dos tristes dados e recordes e sob a intensa pressão de vários setores da sociedade que se mobilizam contra a reabertura ampla do comércio, Casagrande demonstrou poder repensar a implementação do anúncio, que atende diretamente ao pleito econômico das federações capixabas – de comércio, da indústria e outras entidades representativas das grandes empresas – e também de pequenos empreendedores que não conseguem ter acesso aos financiamentos e transferências de renda concedidas pelos governos federal e estadual.
Se na fala anterior a ênfase foi em estabelecer um conceito de isolamento social que se viabiliza apesar da reabertura do comércio após 40 dias de pesadas restrições – incluindo a Grande Vitória e outros municípios com alto risco de contágio – o de hoje repetiu, seguidas vezes, que esse passo só será dado se o governo tiver garantia que o isolamento social se manterá entre 50% e 55%, como preconiza a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
“Se todos nós não colaborarmos, eu não poderei dar um passo adiante, porque a gente tem que preservar as vidas dos capixabas”, disse, repetindo a mensagem dita, de diferentes formas, ao longo dos cerca de doze minutos de pronunciamento em suas redes sociais nesta terça-feira. “O papel de promover o isolamento social é uma tarefa de todos nós individualmente”, conclamou seguidas vezes.
Dignidade
“Não podemos correr risco de perder vidas sem assistência. Se perde com assistência, dá dignidade a essa pessoa nos últimos minutos e horas, para a pessoa e a sua família. Mas se ela não tem um leito de UTI pra ser assistida, isso é de uma indignidade que não tem tamanho”, apelou, lembrando que o Estado continua sem conseguir comprar respiradores para equipar os leitos em expansão em vários hospitais públicos, particulares e filantrópicos em diferentes cidades da região metropolitana e interior.
“É preciso que a gente reconheça que nós não temos uma preparação definitiva, que a gente esteja certo de que o sistema de saúde não vai colapsar, vemos que o vírus é muito agressivo, tira a vida de muita gente. Pessoas que estão boas e no outro dia precisam de um leito de UTI com respirador. E nós não estamos conseguindo comprar respiradores. O que nós compramos até agora, 60 respiradores, seis serão entregues em maio, alguns em junho e outros em julho. É a estrutura que temos no Espírito Santo”, relatou.
Nesta quinta-feira (30), informou Casagrande, os governadores terão uma reunião com o ministro da Saúde, Nelson Teich. “Hoje falei com ele sobre respiradores. E também sobre credenciamento de leitos. É preciso credenciar mais leitos no Estado para coronavírus, para dar suporte ao sistema de saúde pública”, adiantou, informando que 23% do custeio do sistema de saúde é federal, vindo do SUS, mas “77% é financiado com recursos da população capixaba”.
“O isolamento social continua sendo importantíssimo”, reforçou. “Tendo que se movimentar, mantenha o distanciamento social, distância de dois metros, use a máscara, e proceda com toda as necessidades de higiene. E isole as pessoas dos grupos de risco”, pediu.
Óbitos
Segundo a Sesa, os 14 últimos óbitos registrado no Espírito Santo foram de: três homens residentes em Vila Velha, com idades de 64, 69 e 78 anos; dois homens residentes da Serra, com 76 e 83 anos; três mulheres da Serra, com 69, 47 e 73 anos; dois homens residente em Vila Velha, com 79 e 69 anos; um homem de 73 anos residente em Cariacica; uma mulher de 98 anos residente em uma Instituição de Longa Permanência (ILP) de Vitória; uma mulher de 91 anos residente em Vitória; e um homem de 72 anos residente em Guarapari. A Secretaria não forneceu informações sobre comorbidades em nenhum dos casos.